Brasília foi palco, nesta terça-feira (7), de uma audiência pública decisiva sobre o futuro da BR-319, estrada que conecta o Amazonas a Rondônia e ao restante do país por via terrestre. O encontro reuniu autoridades federais e estaduais, representantes de órgãos ambientais, parlamentares e empresários, que debateram os avanços, desafios e divergências em torno do asfaltamento do trecho central da rodovia.
Com quase 900 quilômetros de extensão, a BR-319 apresenta condições precárias, especialmente no segmento que atravessa uma das regiões mais preservadas da floresta amazônica e que ainda não é pavimentado. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi citada por sua iniciativa de criar uma comissão interministerial responsável por conduzir uma avaliação ambiental estratégica da obra, visando assegurar que qualquer intervenção ocorra de forma responsável e sustentável.
A diretora de licenciamento ambiental do Ibama, Cláudia Geane, informou que o órgão espera concluir até dezembro de 2025 a análise do licenciamento de 53 novas pontes de concreto que substituirão as estruturas de madeira existentes no trecho central. Ela alertou, porém, que a conclusão da análise não implica automaticamente na emissão da licença ambiental.
'Realizar a análise não significa emitir a licença. Se estiver tudo conforme os critérios técnicos, o processo avança para as próximas etapas, que ainda dependem de avaliações complementares', explicou Cláudia.
O asfaltamento da BR-319 divide opiniões. Ambientalistas alertam para o risco de um aumento significativo no desmatamento, caso a obra avance sem critérios rigorosos. Por outro lado, parlamentares e representantes do setor produtivo defendem a pavimentação como um passo essencial para o desenvolvimento logístico e econômico da região.
O secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira, destacou que a precariedade da estrada dificulta a atuação dos órgãos de fiscalização ambiental.
'Identificamos focos de calor e desmatamento, mas não conseguimos chegar a tempo por causa das condições da estrada. A pavimentação pode nos ajudar a combater o desmatamento ilegal com mais eficiência', afirmou.
O deputado federal Sidney Leite, autor do pedido da audiência, defendeu mais agilidade na tramitação do licenciamento ambiental. 'Já houve avanços, mas é preciso acelerar. O Governo Federal, em parceria com o Estado, precisa garantir a liberação do licenciamento de instalação', declarou.
Para o presidente do Conselho Superior do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), Luiz Augusto Rocha, o encontro sinaliza um novo momento para a BR-319. 'Há vontade política e atenção dos ministérios. Isso traz esperança não apenas para o setor industrial, mas para toda a população da região Norte', avaliou.
Apesar das divergências e desafios apontados, a audiência evidenciou um consenso: a BR-319 é estratégica para a integração nacional e o desenvolvimento sustentável da Amazônia.