As tartarugas, membros da ordem dos quelônios, são reconhecidas por sua longa expectativa de vida. Estudos ainda buscam compreender completamente os fatores que permitem tamanha longevidade, mas especialistas já apontam características genéticas que reduzem os impactos do envelhecimento nesses animais. Confira mais detalhes sobre esses répteis.
Quantos anos vive uma tartaruga?
Quelônios como tartarugas, cágados e jabutis podem ultrapassar um século de vida. As maiores, como as tartarugas marinhas, costumam viver entre 80 e 100 anos, enquanto a tartaruga-gigante pode alcançar 200 anos ou mais.
Quais tartarugas vivem mais tempo?
Embora a longevidade varia entre espécies, a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), considerada a maior do mundo, destaca-se por sua expectativa de vida de até 300 anos. Ela pode ter até 500 kg e 2,2 m de comprimento.
A tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) também vive por décadas, alcançando até 67 anos, 1,36 m de comprimento e 180 kg na idade adulta. Já a tartaruga-verde (Chelonia mydas), uma das poucas predominantemente herbívoras na fase adulta, chega a pesar 230 kg e pode viver até 80 anos.
Por que as tartarugas vivem tanto?
José Ribamar Ferreira-Júnior, professor de Gerontologia da USP, explica em entrevista à rádio da universidade que o envelhecimento está associado a um declínio das funções fisiológicas, perceptível em humanos por problemas como doenças, perda de memória e redução do vigor físico. No entanto, as tartarugas apresentam um conjunto genético único que retarda esse processo.
“Indivíduos que têm uma alimentação inadequada tendem a se colocar em uma situação de risco, que se expressa na forma de envelhecimento”, comenta o professor, destacando que fatores ambientais também influenciam no envelhecimento.
Os quelônios têm uma apoptose --morte celular programada-- mais eficiente, o que elimina células danificadas e mantém outras ativas e regenerativas. Além disso, possuem proteínas como perforina e granzima, que fortalecem o sistema imunológico, ajudando a eliminar células tumorais e protegendo contra doenças infecciosas.
Outro fator essencial é o metabolismo lento desses animais, que, por serem de sangue frio, consomem menos energia para regular a temperatura corporal, reduzindo o desgaste celular.
Miguel Trefaut Rodrigues, professor de Zoologia da USP, explicou à rádio que tartarugas-gigantes eram exploradas como fonte de alimento durante as grandes navegações, devido à sua capacidade de sobreviver por longos períodos sem comer. “Essas tartarugas foram sempre superexploradas, a maior parte delas está extinta hoje”, diz o professor.
Esses répteis, endêmicos de ilhas como Seicheles, Madagascar e Galápagos, são extremamente vulneráveis a alterações em seus habitats. Podendo pesar até 400 kg e medir mais de 1,5 m de comprimento, alimentam-se de frutas, folhas e, ocasionalmente, carniça. Recentemente, foi registrado pela primeira vez um comportamento predatório de uma tartaruga-gigante, que perseguiu e comeu filhotes de aves.
Rodrigues também destaca a fertilização retardada dessas tartarugas, que permite às fêmeas armazenar espermatozoides e botar ovos férteis por até dez anos após o acasalamento.