A vida de Raimundo Ferraz talvez mude para pior. Ele, que é um idoso de 89 anos, pode perder o pé depois de ter sido atropelado por um ônibus da Companhia de Ônibus Municipal de Porto Velho.
Como contou o
Rondoniaovivo, o acidente aconteceu no dia 11 de março deste ano. Raimundo atravessava a avenida 7 de Setembro - fora da faixa de pedestres -, quando foi atropelado pelo coletivo da linha 120/Bairro Novo. O motorista tentou desviar, mas Raimundo estava dentro do ‘ponto cego’ da direção.
Mesmo com o esforço do motorista, a roda do carro passou por cima da perna de Raimundo - que ficou com o pé esfacelado. Ao ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ele foi encaminhado até o Hospital João Paulo II e depois para o Hospital Regina Pacis, onde permanece internado até hoje. Antes um idoso ativo e saudável, agora Raimundo está preso em camas hospitalares.
FOTO: Pé de Raimundo com os pinos após o acidente. Acervo pessoal de Lúcia Rocha; Rondoniaovivo.
“Os médicos dizem que ele pode perder o pé por conta da necrose, mas ele ainda vai passar por uma outra cirurgia”, disse Lúcia Rocha, neta de Raimundo, que foi entrevistada pelo Rondoniaovivo. Ela tem 58 anos e é dona de uma esmalteria, mas teve que parar de trabalhar para cuidar do avô. “Eles [da empresa de ônibus] nunca prestaram assistência nenhuma, nem médica ou financeira”, afirmou Lúcia.
O acidente de Raimundo está sendo custoso, financeira e emocionalmente. “Ele tem filhos, mas quem cuida sou eu. Depois de muita luta consegui transferir ele para o Regina Pacis. Estou tendo muitos gastos com cuidadoras, fraldas, medicação, alimentação; com o tratamento dele”, disse Lúcia, que também é responsável por outros membros da família - todos idosos.
Apesar de estar em boa forma para um homem de quase 90 anos, Raimundo teve que passar por cirurgias reparatórias e agora usa pinos de metal para tentar se recuperar da fratura exposta. “Eles [da empresa de ônibus] nunca nem entraram em contato para oferecer ajuda. [...] Queria dizer que eles atropelaram um ser-humano, uma pessoa - não foi um cachorro”, finalizou Lúcia.
Após a entrevista com a neta de Raimundo, o
Rondoniaovivo tentou contato com a
JTP Transportes, que é dona da Companhia Municipal de Ônibus. Em uma nota, encaminhada ao jornal pela Superintendência Municipal de Comunicação da Prefeitura de Porto Velho, a empresa afirma que não conseguiu localizar Raimundo ‘em razão da LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais]’ e do ‘sigilo de dados’ e que ‘nenhum outro meio de contato foi disponibilizado’ para que a empresa pudesse contatar Raimundo. A empresa também diz ‘estar à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas ou preocupações que o “Sr. Francisco” possa ter’. Já a Prefeitura de Porto Velho disse apenas que ‘lamenta o ocorrido e se solidariza com o senhor Raimundo e família’.
O posicionamento da empresa pode ser conferido na íntegra, como foi enviado pelo SMC, abaixo.