Na manhã da última sexta-feira (15), o procurador da República, Reginaldo Trindade, do Ministério Público Federal (MPF) se encontrou com a imprensa de Porto Velho para passar mais detalhes sobre a investigação envolvendo a morte do indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, que aconteceu no dia 18 de abril de 2020.
Logo no começo, o representante do MPF mandou um recado aos criminosos que insistem em ameaçar e tirar a vida de pessoas que lutam pela preservação da floresta e seus territórios, como Ari.
“Desde menino eu tenho uma convicção: mais cedo ou mais tarde, a verdade vem à tona. Aos criminosos em geral, às pessoas que estão acostumadas a fazer coisas erradas, jamais se esqueçam. Em se tratando de crimes e criminosos federais, o Ministério Público vai fazer de tudo para que essa verdade seja descoberta. E que a resposta seja mais dolorosa possível. Até para evitar a reincidência”.
Reginaldo Trindade detalhou à imprensa porquê o caso de Ari ficou tanto tempo sem respostas.
“Quem investigou em um primeiro momento foi a Polícia Civil. Com o desenrolar da investigação, viram que o caso tem a ver com questões indígenas. Por isso, foi passado para a Justiça Federal. Nesse processo, houve uma grande demora. Somente no final do ano de 2020, começo de 2021, houve a mudança da competência. Foi quase um ano de trâmite burocrático da Justiça Estadual para Federal”.
Imprensa acompanhou de perto as colocações do procurador da República e do advogado da Kanindé - Foto: Felipe Corona/Rondoniaovivo
O advogado da Associação Etnoambiental Kanindé, Ramires Andrade, revelou aos jornalistas que acreditava que o caso de Ari iria cair em esquecimento e nunca saberiam quem o teria assassinado. Agora, veio o alívio por respostas.
“Algumas vezes, confesso, ficamos desesperançosos, que o caso do Ari fosse mais um entre outros 15. Quero exaltar o trabalho da Polícia Federal em Ji-Paraná, ao doutor Reginaldo Trindade. O caso do Ari está começando a ser solucionado. Ainda estamos na fase de investigação. O principal suspeito será indiciado nos próximos dias e aí entramos na segunda fase, que é a efetiva punição”.
Ainda durante o encontro com a imprensa, Reginaldo Trindade afirmou que não poderia fornecer mais detalhes sobre a prisão do principal suspeito de matar Ari (incluindo o nome do suposto criminoso) para não atrapalhar os próximos passos da investigação.