SEMANA DA MULHER: 'Sem elas, não há futuro com desenvolvimento social', diz Rosangela Hilário

Ela é doutora e uma das vozes de apoio às mulheres, em especial as negras, contra a discriminação em Rondônia

SEMANA DA MULHER: 'Sem elas, não há futuro com desenvolvimento social', diz Rosangela Hilário

Foto: Divulgação

O Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 08 de março, em todo o mundo é uma data que visa lembrar as lutas e direitos das mulheres que são usurpados ou, simplesmente, ignorados em nossa sociedade.
 
A história conta que esse dia nasceu como uma homenagem a 129 operárias estadunidenses de uma fábrica têxtil que morreram carbonizadas, vítimas de um incêndio intencional em 8 de março de 1857.
 
Como se percebe a luta das mulheres por igualdade de direitos é antiga. Mas essa mesma luta é ainda maior quando falamos nas mulheres negras. Elas enfrentam dois preconceitos: o de gênero e o de cor.
 
Uma pesquisa feita pela organização Data Labe, mostrou que a probabilidade de desocupação no primeiro trimestre de 2021 era de 9,2% para mulheres negras e de 5,6% para homens brancos. Percebe-se que, no momento do ápice da pandemia de covid-19 no Brasil, o risco de desocupação de uma mulher negra foi quase o dobro do risco de desocupação de um homem branco.
 
É justamente sobre esse público feminino que a professora da Universidade Federal de Rondônia, Rosangela Aparecida Hilário, tem atuado. Ela é uma paulista que chegou em nosso estado em 2009, para lecionar na Unir, e é uma das mulheres que o Rondoniaovivo escolheu para falar, nessa Semana da Mulher, um pouco sobre como ela vê a luta das mulheres nos dias atuais nas terras rondonienses e no Brasil.
 
Veja a entrevista:
 
O que mais lhe chamou a atenção em relação às mulheres em RO?
 
Rosangela Hilário - Processos muito fortes de empoderamento e ocupação de espaços de poder articulados a processos de subalternização em nome de uma comodidade afetiva ou financeira.
 
O machismo em RO é mais forte que em outros estados do país?
 
Rosangela - Rondônia é dos estados mais fortes pelos quais já passei. Os homens acreditam mesmo que são proprietários das mulheres, seus sonhos e quereres. A misoginia e violência em todas as suas manifestações é muito forte! A mulher negra em RO é mais discriminada que em outras regiões…
 
Como mulher negra, quais as principais dificuldades para se falar sobre racismo e relações de gênero em RO?
 
Rosangela - Todas! Primeiro não sou padrão: sou gorda, alta, altiva e faço questão de dizer que já cheguei aqui com projeto, título e fui a primeira colocada do meu concurso. Logo, não tenho padrinho. Nunca ocupei nenhum cargo que não fosse por meio de concurso público justamente para ter liberdade de dizer o que penso. Sou doutora e especialista na minha área de pesquisa. Então, o que faço é ciência. Não achometro. Então, pesa! Não sou uma bonequinha de louça e nem falo que nem a Thaís Araújo. Já viu não …!
 
Como as mulheres negras podem fazer para enfrentar o machismo e a discriminação?
 
Rosangela - Com certeza: a minha avó tinha o tripé do empoderamento: autoestima exacerbada, conhecimento ampliado e compartilhado e independência financeira. É sobre isso!
 
Qual o recado que a senhora deixa para as mulheres de Rondônia?
 
Rosangela - Mulheres uni-vos! Pretas, periféricas e pobres mantiveram suas famílias pulsantes e vivas em dois anos de uma pandemia que castigou e desesperançou. Foram as mulheres que assumiram papéis que ninguém queria assumir. Foram as mulheres que lideraram a sequenciação do DNA do coronavírus! Foram mulheres pobres que se organizaram em coletivos e lutaram (e lutam) bravamente contra a fome. Foram mulheres e mães que se sacrificaram para os filhos não abandonarem a escola. Então, elas devem ser ouvidas na hora da formulação dos planos de governo para os próximos quatro anos. Sem elas, não há futuro possível com desenvolvimento sustentável e social. Simples assim. Exijam serem ouvidas!
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