Continua o impasse entre camponeses e o Governo de Rondônia na ação de desapropriação do acampamento Tiago Gomes, situado no interior da fazenda Galo Velho, região de Guajará-Mirim (RO).
Os camponeses mantêm a guarda firme para evitar serem retirados de forma arbitrária pela Polícia Militar que, mesmo com ordem do Supremo Tribunal Federal, não suspenderam a operação de desapropriação.
Ontem, na entrada do acampamento, onde foi montada uma barricada, uma reunião entre representantes do MPF, Defensoria Pública do Estado, Ministério Público e advogados não chegou a um acordo.
Os agricultores vão permanecer na área e vão peticionar à ministra Rosa Weber o descumprimento da decisão que suspendeu a operação, haja vista a presença de mais de 300 famílias no local, dentre velhos e crianças.
A Fazenda Galo Velho possui 57 mil hectares e a ocupação dos agricultores ocupa apenas uma ínfima parte de um latifúndio improdutivo, enquanto milhares de pessoas sofrem com a insegurança alimentar no Estado.
Para quem não lembra o que é Galo Velho, essa alcunha pertence a Antônio Martins dos Santos maior grileiro de terras no Estado de Rondônia e acusado de ter matado dezenas de trabalhadores rurais ligados aos movimentos de sem-terra e alvo da CMPI da Terra para investigar ilícitos como grilagem, assassinato, falsificação de documentos públicos, e compra de sentenças milionárias.
Galo Velho é quem hoje financia os milicianos que estão dentro do acampamento ameaçando e tirando camponeses à força em uma operação que já deveria estar paralisada por força de uma decisão que não está sendo cumprida. As ações de Galho Velho vêm sendo denunciadas desde 2005, ocasião em que a própria CPMI esteve em Porto Velho, onde realizou uma audiência pública na Assembleia Legislativa.
No ano passado, a Polícia Federal desencadeou a Operação Amicus Regem, e desarticulou uma organização criminosa que obteve lucro de mais de R$ 330 milhões com fraudes e grilagem de terras no Estado de Rondônia que conseguiu lucrar mais de R$ 330 milhões entre 2011 e 2015. A Orcrim contava com o apoio de um juiz federal (já falecido) e era liderada por Galo Velho e sua turma de colegas latifundiários e advogados.
O latifúndio continua mandando em Rondônia enquanto o Governo Marcos Rocha finge que nada acontece.