Em crise cambial, Argentina decide pedir ajuda ao FMI

Presidente disse que tomou a decisão para proteger o salário dos argentinos

Em crise cambial, Argentina decide pedir ajuda ao FMI

Foto: Divulgação

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O presidente argentino, Mauricio Macri, anunciou no início da tarde desta terça-feira (8) que, devido à disparada do dólar na semana passada e às dificuldades do governo em proteger a moeda argentina de uma desvalorização ainda maior, decidiu iniciar conversas com o FMI (Fundo Monetário Internacional) "para alcançar um acordo que permita superar as turbulências cambiárias dos últimos dias."

 

Macri disse que tomou a decisão para proteger o salário dos argentinos.

 

O dólar, que se valorizou mais de 5% antes o peso na última semana e havia começado o dia em 23,5 pesos, começou a cair logo após a transmissão. No começo da tarde já estava em 22, e o governo espera que caia ainda mais nos próximos dias.

 

Ao explicar a razão dos últimos acontecimentos, responsabilizou o estado da economia que recebeu do kirchnerismo em 2015 e "a fragilidade de nossa moeda diante do cenário internacional em transformação".

 

As conversas com o FMI, explicou, teriam como objetivo "que nos outorguem uma linha de apoio financeiro".

 

Em tom moderado, Macri disse que a conversa com Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, foi para pleitear uma medida preventiva e que a equipe econômica não abandonaria a linha iniciada em dezembro de 2015.

 

Ele fez o possível para demonstrar tranquilidade. "Ela [Lagarde] nos confirmou que vamos começar hoje mesmo a trabalhar num acordo." E terminou lançando farpas a Cristina Kirchner. "Jamais vocês voltarão a ser enganados, a ser levados a acreditar em soluções mágicas, a acreditar que aquilo que te dão pode ser permanente", referindo-se aos generosos subsídios que se mantiveram durante o governo anterior.

 

GRADUALISTA

 

Na sexta (4), o banco central argentino anunciou o terceiro aumento de juros em uma semana, para tentar conter a forte desvalorização do peso em relação ao dólar e a inflação, que continua acima da meta estabelecida pelo governo para 2018 de 15% -está ao redor dos 20%.

 

Macri defendeu que o governo seguirá com sua política econômica gradualista, de não fazer ajustes bruscos.

 

Mesmo porque, segundo analistas, isso também seria impossível, uma vez que cerca de 37% do orçamento anual é destinado a gasto público que o governo resiste em cortar, ou porque recebe demasiada pressão por parte de sindicatos ou por medo de perder apoio político.

 

"O método gradualista depende de financiamento externo, e nos últimos dias, por diversas razões, as condições de financiamento externo para a Argentina se endureceram."

 

Macri disse que confia nas decisões de sua equipe econômica, que vem recebendo críticas -o presidente não tem um ministro da economia, mas vários que se dedicam a áreas específicas.

 

"Esta é a melhor maneira de trabalhar e vamos cumprir nossos compromissos externos e internos. Não vou fazer, como aconteceu em governos anteriores, declarações baseadas na demagogia e na mentira, estou convencido de que o caminho que tomamos vai nos levar a um melhor caminho para todos os argentinos".

 

Enquanto a fala do presidente ia ao ar, ouvia-se o som de panelas batendo em alguns bairros. Há a perspectiva de que o novo "tarifaço" de taxas de serviços, programado para ser aprovado ainda nesta semana, de fato se concretize, o que elevaria os preços do gás, da eletricidade e do transporte. Com informações da Folhapress.

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