"Revoluções no Mundo Árabe" – Por Professor Nazareno*

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Foto: Divulgação

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O mundo árabe está em polvorosa. Do Marrocos até a Arábia Saudita há o temor de que haverá fortes conflitos sociais. O povo está muito insatisfeito com os sucessivos governos nestes países. O caos é geral. Na Tunísia, a insurreição popular já derrubou o Governo local. No Egito, há várias manifestações de inquietação por parte da população insatisfeita. O Exército está nas ruas. Os enfrentamentos são diários. O número de mortos e feridos aumenta a cada dia. Os confrontos se sucedem e as manifestações se espalham como rastilho de pólvora. Desde as revoltas populares do Leste Europeu no final da década de oitenta e a conseqüente extinção da Guerra Fria, o mundo nunca tinha visto nada igual. Massas ensandecidas saem às ruas com um único objetivo: derrubar as ditaduras e tentar instalar democracias. A população, insatisfeita, enfrenta o poder e clama por liberdade. Por causa do petróleo, muitos países estão atentos e preocupados.

            A situação é pior no Egito. O povo tem demonstrado muita insatisfação com o atual presidente do país Hosni Mubarak. Em vez de governar a nação com seriedade, ele é acusado de ficar brincando na internet. O "Blog do Mubarak" traz diariamente mensagens virtuais que dão a tônica do seu infantil Governo. Dizem que ele está há trinta anos no poder, porém muitos juram que esta situação de caos total faz muito mais tempo. Mubarak cercou-se de muitos assessores impopulares, incompetentes e corruptos que sempre "mamaram nas tetas" do Estado. O Egito poderia ser uma nação muito mais próspera do que é, mas as roubalheiras e trambicagens dos sucessivos Governos devastaram esta nação árabe do norte da África. Dinheiro não falta. A produtividade nunca foi interrompida, os egípcios trabalham feito burros, mas a pobreza campeia. A patifaria na política tem transformado os egípcios num povo faminto e sofredor.

            O Dr. Abdul Azim Wazir é o prefeito do Cairo, a capital do país. Ex-sindicalista e sempre ligado às massas é considerado hoje como um verdadeiro imbecil. É acusado de trair suas origens e todos afirmam que quando deixar a prefeitura da capital será um homem rico. Fala-se, dentre outras coisas, que ele não repassa corretamente o dinheiro dos servidores da cidade para o Instituto de Previdência do Município. Gosta muito de viajar para o exterior e por isso já conhece vários países da Europa. Dizem que seus assessores diretos são os amigos mais chegados da época dos sindicatos. Sua administração na capital do Egito é um desastre total. Embora seja uma cidade "meia boca", o Cairo tem muitas construções ainda inacabadas. Ninguém sabe o que se faz com tanto dinheiro que entra diariamente nos cofres públicos. Nem prestígio político o infeliz tem, já que não conseguiu emplacar o seu candidato nas últimas eleições.

            A bagunça é tão grande no Egito que o atual presidente da Assembléia Nacional Popular, Ahmad Fathi Sorour, tomou posse com o propósito de moralizar aquela casa de leis. "A ANP e os seus membros nunca fizeram nada em benefício do povo egípcio", acusam muitos manifestantes. Outros mais exaltados vão mais além: "noventa por cento dos parlamentares da ANP são cínicos, desonestos e corruptos", dizem. "Se a ANP não existisse que falta faria aos egípcios?", perguntam. O pior é que as propagandas veiculadas por aquela "casa da mãe Joana", pagas com o suado dinheiro dos impostos, afirmam cinicamente que o povo do país só reelegeu muitos dos atuais deputados por causa do "grande trabalho" prestado por eles. No Judiciário egípcio a situação também não é das melhores. Farouk Soultan, presidente deste poder, foi à televisão pedir desculpas pela morosidade no andamento de processos e também pelos altos salários que o Estado paga a muitos de seus integrantes. Uma infâmia, um escândalo nacional.

            O Cairo, cortada pelo rio Nilo, é uma cidade destroçada. Na Avenida Al-Arabyia, que dá acesso ao centro comercial, existem carcaças de vários viadutos inacabados. Uma simples chuva de verão que a cidade vira um mar de lama e imundices. A água contaminada invade as residências. Restos de animais mortos enfeitam a paisagem urbana. A fedentina é geral. O símbolo do país, a "Praça das Três Pirâmides", embora adorado pelo povo, é feio e sem sentido e o Prefeito gastou doze milhões de libras egípcias só para reformá-la. Desde a morte do ex-presidente Anwar- el.-Sadat que o país ficou praticamente sem cultura própria. Tenta-se copiar a cultura de outros lugares, mas nada dá certo. A educação está sucateada e os professores totalmente desprestigiados. A Universidade Federal Egípcia, a UFE em Português, é uma porcaria e foi acusada de não saber nem organizar um simples concurso vestibular. Na área da saúde o transtorno também é visível. No maior hospital público da cidade, o Hospital Profeta Maomé, que mais se parece um açougue, os pacientes estavam esparramados pelo chão sem atendimentos e foi preciso que uma emissora de televisão da Europa, dizem que paga com o dinheiro dos próprios egípcios, denunciasse o fato ao mundo para que o escândalo fosse parcialmente resolvido. Por tudo isso, o Egito precisa da ajuda dos brasileiros. Vamos fazer uma corrente para ajudar os nossos irmãos árabes. Alguém sabe o endereço ou o telefone da embaixada egípcia em Brasília?

 

 

 

 

 

*O Professor Nazareno leciona em Porto Velho.

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