ENDIVIDAMENTO EM ALTA- O total de famílias brasileiras endividadas atingiu em julho o patamar de 57,7%, o que representa uma alta de 3,7 pontos percentuais em relação aos 54,0% registrados em junho.
As pesquisas divulgadas pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostram que o total de consumidores com endividados pulou de 54,0% em junho para 57,7% em julho. O mesmo aconteceu com o percentual de consumidores que não terão condições de honrar seus pagamentos, que saiu de 7,8% em junho para 8,9% em julho. No entanto, as dívidas em atrasos caiu de 23,5% em junho para 22,8% em julho. O tempo médio com pagamento em atraso, segundo o levantamento, saiu de 58,8 dias para 61,4 dias. O aumento também foi verificado no tempo médio de comprometimento com dívidas, que pulou de 6,7 meses para 6,9 meses. Já a parcela média de renda comprometida com dívidas sofreu um pequeno aumento, saindo de 30,1%, em junho, para 30,3%, em julho. Por rendimento familiar, com até 10 salários mínimos, a pesquisa mostra que em julho o percentual ficou em 9,88%, enquanto em junho era de 8,58%. Já para as famílias com renda superior a 10 salários mínimos, o percentual caiu de 2,37%, em junho, para 2,30%, em julho.
Intenção de consumo cresce
Já os principais responsáveis pelo endividamento das famílias são o cartão de crédito, que registrou uma pequena queda, passando de 71,6%, em junho, para 70,4% em julho; os carnês também sofreram ligeiras quedas, saindo de 24,6%, em junho, para 21,5% em julho, e financiamento de carro, que teve uma pequena alta, pulando de 9,6%, em junho, para 11,2% em julho. O chefe da divisão de economia da entidade, Carlos Thadeu Gomes, disse que a intenção de consumo das famílias registrou variação positiva de 0,3%, em julho. Segundo ele, o resultado mostra um patamar confortável, uma vez que o índice se manteve entre o aquecimento dos três trimestres. Já na comparação mensal, o destaque ficou por conta dos subitens relativos ao consumo atual (1,9%), compras a prazo (1,7%), e perspectiva profissional (1,6%). No entanto, as quedas de 1,6% e 0,1% frente à pesquisa de junho, diz, mostram que as famílias percebem de maneira menos positiva os níveis de emprego e renda.
Em termos regionais, o documento da CNC mostra que os destaques ficaram por conta das variações mensais do Centro-oeste (8,4%) e Sul (13,8%) do país. No primeiro caso, segundo o Caged, trata-se da região com maior dinamismo na geração de postos de trabalho formais. No acumulado do ano, a ampliação do emprego nos estados do Centro-oeste (4,9%), maior do que a média nacional (3,8%). Na região Sul, o aumento do consumo baseia-se na maior velocidade do crescimento da renda. Nas três capitais da região ocorreu um aumento nominal de 10,5% no salário contratado, destoando da média nacional (4,9%) e das demais capitais (8,1%).
O documento da entidade mostra ainda que o corte por renda familiar também mostrou comportamentos significativos distintos. As famílias mais ricas revelaram aumento de 5,4% na satisfação do consumo ao passo que as mais pobres registraram aumento de 1,4% ante o mês anterior. Com as condições de crédito mais favoráveis, as compras a prazo, segundo o documento, voltam a crescer em julho (1,6%) elevando o patamar de acesso ao crédito ao segundo maior nível do ano. E a elevação da taxa média de juros ao consumidor em 0,5 ponto percentual em maio ante o piso recorde de março (41,0%/ano). Ainda mantém o custo dos empréstimos e financiamentos para pessoas físicas em um nível favorável, o terceiro menor desde o ano 2000.
As pesquisas
As pesquisas são realizadas desde janeiro de 2010 em todas as capitais e no Distrito Federal junto a 17,8 mil consumidores.
ICF - A Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é um indicador com capacidade de medir a avaliação dos consumidores sobre aspectos importantes da condição de vida de sua família, como a sua capacidade de consumo (atual e de curto prazo), nível de renda doméstico, segurança no emprego e qualidade de consumo, presente e futuro. Em outras palavras, é um indicador antecedente do consumo, a partir do ponto de vista dos consumidores, o que o torna uma ferramenta poderosa para o planejamento do comércio e de outras atividades produtivas.
PEIC - A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) orienta os empresários que utilizam o crédito como ferramenta estratégica, uma vez que permitirá o acompanhamento do perfil de endividamento do consumidor, com informações sobre o nível de comprometimento da renda do consumidor com dívidas, contas e dívidas em atraso e sua percepção em relação à capacidade de pagamento.