Vi um jovem da caatinga meditar
Sobre a dor que persegue sua vida
Tão carente, tão faminta, tão sofrida
Como outras o cemitério fez calar
A indústria da seca sabe matar
Sob ás ordens do poder coronelista
Latifúndio da esfera capitalista
Que também são os donos do poder
A nordestiópia agora sonha em viver
No império do reino extrativista
Vi um povo esperançoso migrar
Pra fugir da miséria e da pobreza
Encontrar dignidade e riqueza
No mais verdejante lugar
O governo fez a plebe acreditar
No sucesso real do extrativismo
Ser soldado da borracha é “heroísmo”
No ilusório mundo da extração
E a floresta soberana da nação
Foi servir a mesa do imperialismo
Vi um velho seringueiro lamentar
Do país que outrora conheceu
No seringal a vida inteira viveu
Neste chão que há séculos veio morar
Ele insiste não querer acreditar
No cenário florestal que está vendo
O habitat que viveu está morrendo
Desonrando sua pátria e seu país
A dor no peito fere e sangra a cicatriz
Ouvindo o eco da seringueira gemendo