Para alguns analistas políticos, a corrida sucessória para o governo de Rondônia, em 2010 está definida. Porém, muitas coisas devem acontecer antes mesmo de se escolherem os páreos. Para se ter uma visão mais definida da atual configuração política, é preciso uma análise mais profunda, possível apenas através de uma pesquisa qualitativa.
O Instituto Rondoniense de Pesquisa e Estatística (IRPE) realizou esse trabalho algumas vezes em 2009, e fará outras (tantas forem necessárias) ainda antes das convenções. Veja algumas conclusões tomadas através deste trabalho qualitativo feito em 2009:
Levando em consideração que sejam lançados cinco candidatos em condições de disputa, nos seguintes partidos: PMDB, PT, PSDB; PTB, PPS, pode-se chegar a diversas conclusões e, por fim, se ter uma visão mais ou menos definida sobre os possíveis resultados.
Vamos começar pelo PMDB, por se tratar do partido com maiores possibilidades de composição. O PMDB, embora tenha lançado um pré-candidato, é o partido com maior indefinição. A posição do partido vai depender de como estarão as configurações até as convenções, em junho.
Para saber se o partido lança ou não um candidato ao governo, é preciso saber se o PT quer ou não que o PMDB indique o vice. A situação atual aponta para o PT sem o PMDB no primeiro turno. Por quê? O PMDB lançou a pré-candidatura do prefeito de Ariquemes ao governo. Confúcio, segundo os analistas do PT, ainda não deu sinais de “decolagem” e por isso o PT acredita que consegue uma vaga no segundo turno. Os petistas preferem Confúcio Moura como concorrente no primeiro turno e aliado no segundo.
Eles não acreditam na “decolagem” de Confúcio e sabem que será um bom aliado no segundo turno, juntamente com todo o PMDB. (Esse assunto eu retomo mais à frente). Não é bom para o PT subestimar o velho e experiente Confúcio Moura. Pois ele vem com força do Vale do Jamari, onde tem cerca de 50% dos votos, num reduto de quase 200 mil votos.
As outras possibilidades de candidatura do PMDB ao governo são remotas, porém existem. Uma delas é a candidatura do Deputado Federal Natan Donadon. Isso só acontece se o Confúcio recuar e se o PT rejeitar o PMDB numa aliança imediata. Natan tem reais chances de chegar ao segundo turno. Outra possibilidade, a mais remota, é a candidatura do Senador Raupp ao governo. Isso poderá acontecer se o Expedito Junior fizer uma dobradinho com Ivo Cassol ao Senado e ameaçar a reeleição de Raupp. As pesquisas qualitativas devem definir isso antes das convenções.
O PT tem grande chance de colocar seu candidato no segundo turno, principalmente se for o Deputado Valverde ou o Prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho. É quase descartada a possibilidade de Roberto Sobrinho ser o candidato. O motivo principal é o fato de seu vice-prefeito ser do PMDB. Aliás, este seria o melhor negócio para o PMDB: Emplacar Sobrinho no governo, colocar Confúcio de Vice e ainda ganhar a prefeitura de Porto Velho (com bilhões em recursos do PAC) de mãos beijadas.
Mas certamente o PT não vai dividir o bolo. Quer comer sozinho. É difícil falar do PT sem citar o PMDB, já que existe um namoro antigo entre os dois, por isso retomo o assunto. Com o PMDB na briga, nesse primeiro turno, as coisas ficam mais fáceis para o PT, já que esses dois partidos não entrarão em choque. O PMDB de Raupp enfraquece o candidato de Cassol (provavelmente Cahula) e Expedito Junior no interior, sobrando assim o PT com seus votos tradicionais somados aos votos da Capital, onde faz a maioria. Valverde como candidato - o mais bem votado da Capital e mais 10% dos votos do interior – com grande chance de segundo turno. Dessa forma, o PT acredita chagar ao governo.
Quanto ao Expedito, por enquanto ele é o favorito ao governo, mas existem muitas barreiras em seu caminho. A maior delas é o Cassol que teima em lançar seu compadre João Cahula. Se isso acontecer, o apoio de Cassol vem com força apenas no segundo turno, se tudo correr bem para o Expedito. Vale lembrar que o partido de Cassol estará apoiando o (a) candidato (a) de Lula a presidente, e Expedito é do PSDB, de Serra. Como eles fariam uma parceria proveitosa, seja para o governo ou para o senado, ainda não consigo ver com clareza.
O outro problema de Expedito é o discurso. Expedito não tem discurso para uma candidatura ao governo, enquanto na oposição tem muito argumento anti-expedito. O Ex-senador talvez não faça idéia do quanto pode ser forte seu discurso para uma candidatura ao Senado, além da dobradinha com Cassol que também é forte candidato ao Senado. Seria, talvez, o mais bem votado se fosse candidato e soubesse usar bem o que pesa a seu favor politicamente como candidato ao Senado. Mas para isso ele teria que agüentar a pressão dos tucanos, que o querem no governo.
Quanto ao atual vice-governador, João Cahula, do PPS, apesar da bênção de Cassol, pode não decolar. Cassol goza de grande prestígio político em Rondônia, mas provou nas ultimas eleições municipais que não consegue transferir muitos votos. A maioria dos prefeitos apoiados por Cassol perderam as eleições.
Uma das poucas exceções é o município de Vilhena, onde seu pupilo, José Rover, conseguiu vencer Melki Dondon. Mas isso pode pesar contra Cassol, já que a popularidade de Rover está negativa.
E por falar em Melki Donadon, estamos falando de um coringa nesse (em)baralho. Quem pega-lo, pode fazer um bom jogo. Melki está percorrendo o Estado atrás de apoio a sua candidatura a governo, mas é bem provável que ele consiga ser o vice de algum candidato forte. Se for o vice de expedito (pouco provável), poderá fortalecê-lo para um segundo turno. Se for o vice de Confúcio, pode mudar a tendência atual e colocar o PMDB no segundo turno.
O Senador Acir Gurgacz acredita que esta é a sua hora. Deve vir com muita força econômica, porém uma imagem pouco trabalhada e um discurso fraco. Não terá nem de perto a votação que teve para o Senado, principalmente em função do desgaste que teve na “briga” com expedito e no pouco tempo de mandato onde não foi possível mostrar serviço. Porém a sua candidatura é importante para que não haja risco de alguém ser eleito em primeiro turno.
Dezenas de outras conclusões são tomadas em cada pesquisa realizada, tanto para as eleições ao governo, as possibilidades, vantagen e desvantagen das escolhas dos vices-candidatos, quanto ao quadro que se desenha para as eleições ao Senado, deputados Estaduais e Federais. Mais informações poderão ser obtidas em contato com o autor deste artigo. Análises atuais e completas poderão ser obtidas através da encomenda de pesquisas qualitativas e quantitativas junto ao IRPE, onde este jornalista presta serviço.
*Dejanir Haverroth é bacharel em jornalismo e aperfeiçoou-se
em Ciências Políticas, Marketing e Estatística.