A possibilibidade de transmissão da hepatite tipo B, por instrumentos de manicure e pedicure varia de 40 a 50%, índice que cai para 10% no caso da hepatite C e que é de até de 0,6% quando se trata do vírus HIV. Visando prevenir a transmissão dessas doenças, o Ministério Público de Rondônia, por meio da Promotoria do Consumidor e Saúde, promoveu na quarta-feira (17), em parceria com a Vigilância Sanitária e a Faculdade São Lucas, uma palestra destinada a profissionais e proprietárias de salões de beleza.
A iniciativa, motivada pelo significativo número de casos dessas doenças em Porto Velho, buscou orientar as profissionais acerca dos procedimentos corretos de esterilização dos instrumentos, evitando risco às clientes e às trabalhadoras do setor. “Recebemos no MP muitas pessoas em busca de medicamentos para esses males e uma das formas que encontramos de deter os índices, principalmente da hepatite, foi a orientação às profissionais do salão”, disse a Promotora de Justiça Emília Oiye.
A médica infectologista do Centro de Medicina Tropical, Glauce Anne Cardoso, explicou que a melhor medida preventiva contra a transmissão de doenças é o uso de um alicate pessoal, por parte das clientes. A profissional, por sua vez, deve usar luvas descartáveis para evitar contato com o sangue provocado por possíveis lacerações na pele. Se a opção, no entanto, for pelo uso dos instrumentos do estabelecimento, a esterilização deve ser feita com uma substância denominada glutaraldeído, na qual alicates e outros objetos, após lavados com água e sabão, devem permanecer pelo período de 40 minutos a uma hora. A substância, encontrada em casas de produtos para uso hospitalar, é capaz de provocar uma esterilização química, eliminando a necessidade do esterilizador, o forninho. Embora sejam menos eficazes, outros métodos também são recomendados. Entre eles está o uso de hipoclorito de sódio (água sanitária), na qual os instrumentos, após lavados com água e sabão, devem ficar mergulhados, por uma hora, para, em seguida, serem colocados no esterilizador pelo mesmo período, mas o processo causa apenas a desinfecção e não a esterilização. “É importante que fique claro que o uso somente do forninho não é um procedimento seguro”, disse a médica, que também orientou as profissionais a utilizarem palitos e lixas descartáveis.
O enfermeiro Ernandes Brito, da Vigilância Sanitária, outro palestrante do evento, falou sobre as normas a serem seguidas pelo estabelecimento de beleza e alertou as profissionais, bem como proprietárias, a observarem a procedência de produtos estéticos utilizados, para que impeçam a ocorrência de reações alérgicas no público consumidor.
Durante o evento realizado no auditório da Faculdade São Lucas, a Promotora de Justiça Emília Oiye agradeceu o esforço das profissionais de se deslocarem à instituição de ensino, após um dia de trabalho. “Sei que muitas vieram de ônibus, mas saibam que a presença de vocês significa o interesse com a cidadania e com a coletividade”, afirmou.