Vem aí a CPI do Leite. Na ausência de coisas mais sérias a fazer, deputados estaduais rondonienses prometem investigar a possível formação de cartel na comercialização do produto.
À frente da Comissão estão os parlamentares Jesualdo Pires (presidente), Ribamar Araújo (vice-presidente), Valter Araújo (relator), Luiz Cláudio e Tiziu Jidalias (membros).
No passado, já tivemos as CPIs da Federalização do BERON e da CERON, além das que foram instituídas para apurar os escândalos da SEFAZ e da INDENIZAÇÃO DE TERRAS, dentre outras inutilidades, que saíram do nada para lugar nenhum.
Agora, os nobres representantes do povo querem averiguar a eventual distorção de preços entre produtor e consumidor, ou seja, por que o primeiro estaria recebendo tão pouco e, o segundo, pagando tão caro pelo produto.
À semelhança de tantas outras Comissões Parlamentares de Inquéritos, criadas pela Assembléia Legislativa de Rondônia, a CPI do Leite tem todos os ingredientes para azedar. Será mais uma que acabará hibernada nos escaninhos da burocracia oficial.
Não estou sozinho em minhas ilações. Hoje, onde quer que se reúna um grupo de cidadãos, o que se houve é a total descrença no “Poder do Povo”. Ninguém, em são consciência, aposta um copo de leite azedo que essa CPI alcançará os objetivos para os quais foi criada. No máximo, pegará um pobre leiteiro para bode expiatório. E ponto final!
Há, ainda, os que, indignados com a onda de escândalos que se espraia pelos quatro cantos do estado, exigem, dos que têm assento naquela Casa, que a punição imposta ao servidor, por exemplo, acusado de cobrar uma propina para liberar um processo, alcance também deputados apanhados com a mão na cumbuca do dinheiro público. Afinal, a lei deve ser uma e a mesma para todos. Ou não?
Não é de hoje que a população rondoniense aguarda uma posição da ALE sobre o cipoal de denúncias escabrosas envolvendo membros daquele poder.
Ao escândalo das passagens áreas, somam-se os da folha de pagamento paralela e dos funcionários fantasmas, dentre outros de conhecimento público.
A essa altura dos acontecimentos, muitos eleitores devem estar a perguntar-se, neste momento, se a maioria de seus representantes na ALE está acima ou abaixo dos que, eventualmente, estariam praticando a cartelização do leite, em termos de lisura nos negócios e participações na vida política.
Certamente, terão o benefício de nunca mais voltar a sufragar os seus nomes, nas próximas eleições.