Uma vergonha! - Por Valdemir Caldas

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Foto: Divulgação

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Por uma perversa conjunção de circunstâncias, criada por eles próprios, sempre pontuais e zelosos nas reuniões em que se discutem os seus próprios e gulosos interesses, os deputados de Rondônia poderão vir a ter seus polpudos subsídios reajustados, no final deste mês, em alguns milhões de reais. Por enquanto, apenas o vice-presidente da ALE, deputado Alex Testoni (PMN – Ouro Preto), veio a público para protestar contra a decisão da mesa diretora, comandada pelo presidente Neodi de Oliveira, o homem que prometeu mudar a face deformada do Poder Legislativo, mas, à semelhança de seu antecessor, também caiu em desgraça no conceito popular. O PT tem dois representantes no Poder Legislativo: Dantas (acusado de abocanhar parte do salário de um assessor) e Ribamar Araújo (que anda muito calado, desde o primeiro dia em que chegou àquela Casa, em nada parecendo o vereador austero, que vivia deitando o relho nos costados do então prefeito Carlinhos Camurça. Hoje, sabe-se, com justa razão. Além de imoral, a lista de regalias é bastante extensa. Começa com a concessão de auxílios transporte, moradia e alimentação, passando por uma cota mensal de gabinete até um esdrúxulo ressarcimento de exercício de mandato (?). Com tanta gordura, os vinte e quatro deputados vão custar ao erário, mensalmente, mais de um milhão e novecentos mil reais. A sociedade precisa descruzar os braços, sair às ruas e bater às portas da Justiça contra mais essa imoralidade, praticada com o dinheiro do contribuinte. Só não há recursos para atender às reivindicações dos servidores da ALE, mas para custear privilégios e mordomias de deputados, sempre aparece alguém para fazer funcionar a velha malandragem brasileira. Uma ação judicial, objetivando sepultar essa manobra diabólica, criada por parlamentares – já regiamente remunerados pelo erário, que insistem em fazer do mandato um instrumento à satisfação de prerrogativas indecentes, poderia levar esses senhores a pensar duas vezes antes de enveredarem por caminhos sinuosos. Não é à toa que a ALE ocupa, hoje, o ranking das instituições mais desacreditadas do estado perante a opinião pública. Temos um parlamento mais preocupado com pompas e sinecuras do que mesmo em buscar soluções para os multiformes problemas contra os quais a população se debate, sobretudo, nas áreas da saúde, educação e segurança pública. Não há lideranças políticas verdadeiras e capazes de devolver à sociedade a tranqüilidade e a confiança no futuro. O discurso parlamentar é vazio de conteúdo. É praticamente impossível encontrar alguém que se destaque pela sua dignidade, pelos seus méritos, pelo espírito de luta em defesa dos interesses sociais e pelo sentimento de renúncia. Depois, os políticos vêm procurar explicações, por ocasião dos pleitos, para justificar a rejeição popular às suas pessoas, manifestadas, através da ausência maciça do eleitorado, a cada consultar popular. A propaganda oficial diz: “eu sou daqui e exijo respeito”. Paradoxalmente, quem deveria servir de modelo, no caso a ALE, é a primeira a cair em desgraça.
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