O professor, pesquisador da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Ricardo Campos da Paz, recebeu de internautas a matéria divulgada pelo rondoniaovivo.com sobre um peixe desconhecido pescado há duas semanas no rio Madeira. Conforme foi divulgado na matéria, o professor acredita que o peixe seja realmente da Ordem dos Gymnotiformes (popularmente conhecidos como "peixes elétricos"), conforme afirmou o biólogo de uma faculdade local, Marcelo dos Anjos, consultado pelo rondoniaovivo.com.
Ricardo Paz também é responsável pelo Laboratório de Ictiologia Neotropical (Labin), da Unirio e trabalha ha vários anos com esse grupo de peixes. O pesquisador afirma que “é bastante provável que se trate de um exemplar pertencente à espécie Sternarchorhynchus mormyrus (ordem Gymnotiformes, família Apteronotidae). Como esta espécie foi descrita originalmente a partir de outros exemplares coletados no alto rio Negro (ou seja, uma localidade bem distante do rio Madeira), existe a possibilidade de que o exemplar possa representar uma espécie nova e ainda não conhecida (porém, bem parecida e certamente aparentada a Sternarchorhynchus mormyrus).
Quanto a não transmissão de choque elétrico pela espécie coletada no rio Madeira, o professor explica que “como informado por este site, o exemplar exibido pertence a um grupo de peixes que possui orgãos especializados e com capacidade para gerar correntes elétricas. Na família em questão, porém, as voltagens produzidas por esses orgãos são muito baixas (menos de 1 Volt) e não são percebidas quando os peixes são tocados com as mãos (da mesma maneira que não percebemos a corrente elétrica gerada por uma pilha comum). Dentro da ordem Gymnotiformes, apenas o conhecido \"poraquê\" (espécie pertencente a outra família, denominada Gymnotidae, e cujo nome científico é Electrophorus electricus) é capaz de gerar correntes elétricas fortes o suficiente para dar choques de verdade (até cerca de 500 Volts, dependendo do tamanho do exemplar).”
O pesquisador disse que pelo que se sabe atualmente, Sternarchorhynchus mormyrus e outras espécies relacionadas têm preferência pelas áreas mais profundas dos rios. Assim, os exemplares dificilmente são capturadas durante pescarias "comuns" e são geralmente considerados "raros" "misteriosos", ou mesmo "estranhos" pela população, embora ocorram normalmente na região. “Podem até mesmo ser abundantes em locais profundos, conclui Ricardo Paz.
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Fonte: Ricardo Campos da Paz - Laboratório de Ictiologia Neotropical - Departamento de Ecologia e Recursos Marinhos - Escola de Ciências Biológicas - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
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