ARCO DE FOGO - Prefeito de Machadinho afirma “A demonstração de força é desnecessária, somos um povo ordeiro e trabalhador”
O prefeito de Machadinho do Oeste, Luiz Flávio de Carvalho em entrevista ao Rondoniaovivo nesta terça-feira (5), disse que a operação Arco de Fogo do governo federal parou o município, que tem na extração de madeira sua principal atividade econômica.
Segundo Flávio Carvalho, a cidade foi crida a partir do assentamento P.A. Machadinho, financiado pelo antigo Polonoroeste e Banco Mundial. Os agricultores atenderam o chamado do Incra e vieram colonizar a região. Cada parceleiro recebia aproximadamente 21 alqueires para iniciar a ocupação, com o compromisso de desmatar pelo menos 50% da área. Se o mesmo não fizesse o desmate e o plantio da roça, não recebia o “Cipra”, espécie de cadastro do Incra que garantia seu título definitivo da terra e o autorizava a tirar financiamento para a agricultura e outras atividades concernentes ao campo.
“ O projeto de assentamento era considerado modelo na época” garante Flávio que trabalhava no Incra na ocasião. Todos os lotes tinham “água” no fundo e no P.A.s foram destinadas 17 grandes áreas para a chamada “reserva em bloco”.
“No começo do município, o agricultor que não desmatasse a floresta perdia o lote. Hoje mudou a história”, afirmou Flávio.
Vanderley Pingo, secretário de planejamento de Machadinho, disse em entrevista ao Rondoniaovivo que em comparação com o mesmo período, janeiro e fevereiro do ano passado, a arrecadação da cidade caiu 35% nos impostos municipais.
As 17 madeireiras do município também suspenderam as atividades, com a dispensa de cerca de 1000 trabalhadores do setor. “É um efeito dominó, o trabalhador da madeireira não recebe e deixa de consumir, logo o reflexo chega ao comércio com mais dispensas de funcionários”, afirmou Pingo.
CESTAS BÁSICAS
A secretaria de assistência social da cidade já começou receber pedidos de cesta básica por parte de famílias que já enfrentam o desemprego. Segundo números apresentados pela secretaria, uma média de 50 famílias por dia buscam o apoio oficial. Segundo informações da própria secretaria, o município não dispõe de cestas básicas para distribuição.
Outra situação é a busca por empregos públicos. O município abriu um concurso para o preenchimento de cerca de 300 vagas. Mais de 2000 pessoas já teriam se inscrito para o certame e este número não pára de aumentar. Com o advento da operação na cidade a quantidade de inscritos deve aumentar, pois a população buscará outra fonte de renda.
EDUCAÇÃO
O prefeito disse que do jeito que está sendo feita a operação, a mesma está levando pânico aos pequenos agricultores. “A demonstração de força é desnecessária, somos um povo ordeiro e trabalhador” afirmou Flávio Carvalho, dando uma sugestão ao governo federal. “Poderiam usar esta verba gasta na operação para promover a educação ambiental dos produtores, além de financiarem o reflorestamento da região”.
ATO CÍVICO
A sociedade civil organizada está preparando uma manifestação pacífica de repúdio ao “modus operandi” do governo federal, que segundo empresários chegaram em comboio na cidade, com várias viaturas de sirenes ligadas e armamento pesado expostos. “ Não somos bandidos, aqui não é terra de bandido e sim de gente trabalhadora, merecemos respeito”, afirmou o comerciante Carlos Roberto.