A crise e os interesses menores – Por Valdemir Caldas

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A crise e os interesses menores –  Por Valdemir Caldas

Foto: Divulgação

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Estourou mais um escândalo envolvendo recursos da saúde. O alvo, agora, é a prefeitura de Parecis, acusada pela Controladoria-Geral da União de comprar medicamentos com preços superfaturados, dentre outras irregularidades cabeludas. A denúncia foi publicada, com destaque, no jornal eletrônico Tudo Rondônia. Em direito de resposta, também veiculado naquele Jornal, a prefeitura de Parecis se defende, dizendo que “apresentou todas as justificativas a fim de tornar válidas e legais as suas ações”, mas, por enquanto, parece que não convenceu os fiscais da CGU. Essa é a realidade nua e crua pela qual passa a administração pública brasileira, cada vez mais envolta numa grave crise de caráter marcante, a exigir dos órgãos responsáveis pela fiscalização dos recursos públicos a imperiosa necessidade de modernizarem e aperfeiçoarem suas atribuições. Leis há. E não são poucas. Só que elas não operam por si mesmas. É preciso, no entanto, que os responsáveis pela sua efetiva observância, cumpram a missão para a qual foram designados. O nível de bandalheiras na vida pública chegou ao seu ápice. Hoje, ao contrário de antigamente, quando se procurava separar o joio do trigo, para não se cometer injustiças, fica a incerteza se há trigo dentro de tanto joio. A administração pública não pode deixar de atender ao bem-estar social, que é sua finalidade precípua, para ser usada como instrumento de interesses espúrios. Lamentavelmente, a competência, a honestidade, o espírito público e a responsabilidade são requisitos cada vez mais ausentes na conduta de certos políticos e dirigentes públicos. No fundo, o que predomina nas mentes ensandecidas de certas autoridades é o individualismo, a ganância, a falta de escrúpulos, o enriquecimento fácil, ainda que a custa da miséria e do sofrimento alheio. O setor público precisa passar por um processo de depuração, começando pela mudança de mentalidade e de comportamento de muitos homens públicos, do mais simples servidor ao mais graduado dos dirigentes. A sociedade, por sua vez, também precisa fazer a sua parte, não somente votando corretamente, mas, sobretudo, fiscalizando os agentes do poder público. A cada escândalo, porém, busca-se um pode expiatório. Criou-se, assim, um círculo vicioso que em nada aproveita à sociedade. No final, fica sempre a sensação de perda e as denúncias, desgraçadamente, se vão acumulando, sem soluções aparentes.
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