*O brutal assassinato do advogado Orli Rosa,na cidade de Buritis, colocou a seccional rondoniense da Ordem dos Advogados do Brasil diante de uma prova de fogo.
*Por enquanto, as medidas adotadas pelo presidente da Ordem, Orestes Muniz, são tímidas.
*A OAB Rondônia limitou-se a emitir uma nota de pesar pelo fuzilamento do advogado e, segundo um texto enviado às redações pela assessoria da instituição, está cobrando das autoridades mais segurança para o município de Buritis. É pouco, diante da gravidade do caso.
*Orli Rosa era advogado de trabalhadores rurais e se estabeleceu em Buritis há vários anos, sendo pioneiro no exercício da advocacia naquela localidade. Há muito tempo vinha sendo ameaçado de morte, até que, na noite de terça-feira, dois pistoleiros invadiram sua casa e o mataram na frente da família.
*Não se sabe se o assassinato do advogado está relacionado ao exercício de sua profissão, mas todos os indícios apontam para essa possibilidade. E seja como for, pelo prestígio que ele gozava no seio da categoria à qual pertencia, as balas que atingiram Orli Rosa também alvejaram a advocacia.
*Esse episódio sangrento lembra o caso Agenor, quando o advogado Agenor Martins de Carvalho foi assassinado em Porto Velho porque defendia famílias humildes contra latifundiários. Só os pistoleiros pagaram pelo crime, os mandantes jamais foram punidos. O poder econômico dos mandantes , a influência político-jurídica e a omissão dos colegas de profissão de Agenor contribuíram para essa impunidade histórica.
*Mas a morte de Agenor, conhecido na época como o Advogado dos Pobres, desencadeou em Rondônia a Operação Caça Pistoleiros. A polícia deu cabo de vários criminosos e limpou o valhacouto de bandidos em que se havia transformado Vila Rondônia, depois Ji-paraná, de onde saíram os matadores do advogado.
*Todas as autoridades de Rondônia sabem que Buritis é uma região explosiva, de permanente conflito fundiário. Por isso, na esteira das investigações sobre a morte do advogado Orli Rosa, instituições como Polícia Civil, Polícia Militar, Ministério Público, INCRA, IBAMA e OAB devem atuar unidas, formando uma força-tarefa para dar um basta na violência que tomou conta da localidade.
*À OAB cabe exigir do Governo do Estado que mobilize todo o seu aparato de segurança para capturar os criminosos. Se o Estado não tiver competência para tal, que se recorra à Polícia Federal.
* Se o crime foi motivado pela atuação de Orli Rosa em defesa dos trabalhadores rurais, não será exagero pedir que se dê a mesma prioridade que foi dada nas investigações da morte de irmã Doroti Stang, no Pará. Afinal, um brasileiro vale tanto quanto um norte-americano.
*Nota de pesar e palavrório podem até servir de algum lenitivo para a viúva e os órfãos, mas o que se exige mesmo é justiça. E justiça se fará com a prisão, julgamento e condenação dos executores e dos mandantes.