Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

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Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz 1 – IVO CASSOL Em que importe não faltarem especulações sobre instabilidades no seu destino partidário e até dando conta de insuspeitadas alianças eleitorais que estaria cogitando, pressa por definições em assuntos dessa natureza o governador Ivo Cassol (PPS) não dá sinais de ter. Aliás, no âmbito da política, pode haver equivalente, mas dificilmente haverá alguém que da atividade navegando em águas mais sossegadas do que ele. Em parte porque a brisa que tem soprado em torno do Palácio Presidente Vargas há tempos mal consegue chegar a lufadas de vento - longe, portanto, de ameaçar balançar o coreto do inquilino principal. Mas a verdade mesmo é que, quando alguma aragem ameaça encrespar-se em ventania, é do próprio Cassol que parte a reação na direção contrária que parece tudo dissipar e fazer tudo voltar à aparente calmaria. Nos tempos de prefeito, comenta-se que o fazia isso no grito - por assim dizer. Quando estava em campanha pelo primeiro mandato governamental, não foram poucas as notícias que circularam dando conta de que, por causa do seu estilo desabrido, mais de um vereador e outras tantas autoridades tremiam nas bases só de ouvir falar em seu nome. Governador de primeira viagem, logo encontrou na Assembléia Legislativa a, digamos, tampa do chocalho. Mas, como se recorda, por pouco tempo. Depois de arcar com as escoriações das primeiras pelejas, soube com quem estava lidando e não tardou a ir à forra, reduzindo o colegiado a uma massa infame de destroços naquele que ficou conhecido como o mais ruinoso dos escândalos do pedaço – o das fitas. Como sabe quem folheou Maquiavel, para o sábio florentino o principal conceito da ação política é o poder, que é alcançado por intermédio da “virtù” e da “fortuna”. “Virtù” é - como ele diz – coragem, energia, vontade dirigida para um objetivo. “Fortuna” é sorte, acaso ou oportunidade. De acordo com Maquiavel, o homem que possuir uma “virtù” no mais alto grau será agraciado com a “fortuna” e, portanto, com o poder em sua plenitude. 2 – DENSA PROEZA Como Cassol tem dado sobejas demonstrações de que ousadia, vigor e determinação nunca lhe faltaram, só a “fortuna” explicaria porque, entre outras ocorrências afortunadas, no pandemônio que representou a “Operação Dominó” - que atingiu com igual virulência o Poder Judiciário, o Ministério Público, o Tribunal de Contas e o que restava da Assembléia Legislativa -, o Palácio Presidente Vargas resultou apenas tangenciado, tendo a crise ali estancado na ante-sala do seu gabinete, proporcionando-lhe sair dela praticamente ileso. Quando não fortalecido – desconfia-se. Tanto que, planejada (junto com outras, país afora, da mesma feição e matriz) para servir à reeleição federal, a pirotecnia policial terminaria por favorecer também à manutenção do poder pelo governante local. Como estava em plena campanha, incorporou o episódio ao discurso e apresentou-se ao eleitorado como vítima. Não apenas convenceu como, de lambuja, ao ser reeleito, fez questão de homenagear publicamente, de corpo presente, no discurso da posse, o único agente do seu governo alcançado pelo sarrabulho – seu ex-Chefe da Casa Civil Carlos Magno, na época o seu candidato a vice-governador. Caso alguém tenha imaginado que poderia emparedá-lo, precisava estar na posse para ver como o que fez foi conferir uma condecoração ao aliado. Não foi pouca a tinta consumida para imprimir o que se discorreu sobre a primeira reeleição de um governador local. Impressionado como a proeza, o cientista político Francisco Matias, por exemplo, escreveu: “Nas eleições 2006, Ivo Cassol não apenas foi reconduzido ao cargo com 53% dos votos válidos. Mais do que isso, ele conseguiu transferir votos para o senador e para alguns deputados federais e estaduais. Um feito raro em RO. Só se tem notícia de fato como esse nos tempos áureos do governador Jorge Teixeira,” De fato. Mas por Teixeira ter contado com a vantagem da permanência no poder independente das urnas, a façanha de Cassol ganha contornos meritórios muito mais densos. 3 – RUMO AO PLANALTO Até aqui o que se fez foi tentar preparar o leitor para, por intermédio de um pálido perfil de quem se fala e de um painel ligeiro da conjuntura, repassar o rumor que corre já há algum tempo nos círculos mais diversificados da especulação local. De acordo com esses sussurros, não reside num gabinete do Senado o topo das ambições políticas do governador rondoniense – como a crônica do setor não se cansa de cogitar e pouca gente duvida da factibilidade do empreendimento. Da Ponta do Abunã aos ermos do Cabixi, Cassol é, hoje e de longe, o político mais bem avaliado pela opinião pública, seja nas medições sobre o desempenho do seu governo ou nas sondagens de intenções de votos. Caso o leitor não acredite no que dizem à unanimidade as pessoas que lidam com pesquisas, experimente auscultar as ruas, ouvir o que ressoa pelas suas roucas vozes, conversar com quem tem circulado pelo interior do Estado, enfim, captar as ondas da chamada rádio peão. Difícil encontrar quem não teça loas à administração estadual e, por conseqüência, ao seu titular. Bem verdade que se fala muito em estradas e pontes de concreto por tudo quanto é lado, deixando-se de entrar em detalhes quando os assuntos são saúde, educação e segurança públicas. Para o propósito da coluna, no entanto, estradas e pontes é que vêm a calhar. Pois é mostrando ao país o que fez por aqui em termos de infra-estrutura rodoviária que Cassol aspira postular nada menos que a Presidência da República. Não em 2010, porquanto precisa antes de um palanque com ressonância nacional para deflagrar o seu projeto. E poucos atendem a essa demanda tão bem quanto o Senado. Não é de hoje que está convencido de que pode chegar lá – no Senado e, depois, na Presidência. Mas precisava de um sinal – a reeleição. Com ela, sobreveio-lhe a certeza de Arquimedes sobre as possibilidades da alavanca. No seu caso, pede que lhe dêem uma oportunidade de mostrar aos brasileiros do que é capaz e ele lhes dará um Presidente da República. É sério.
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