ESPECIAL - Quais os limites do assessor de imprensa?

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Foto: Divulgação

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*Mesmo depois de ter negado todas as acusações, o jornalista e ex-assessor de Antônio Palocci, ex-ministro da Fazenda, foi, nesta segunda-feira (17/04), indiciado pela Polícia Federal. Ele é acusado de ter repassado à revista Época o extrato bancário do caseiro Francenildo. Dez dias depois da publicação da matéria, Palocci deixou o cargo. *Inspirado no fato, o debate sobre ética na assessoria de imprensa voltou à tona. O site Comunique-se entrevistou e obteve a opinião de cinco profissionais especializados em assessoria política. Os cinco responderam a seguinte questão: Até onde vai a ética do assessor de imprensa de um político? *Confira as respostas: *John Clayton *Assessor de Imprensa do Deputado José Guimarães (PT) *"O cargo de assessor de comunicação é de absoluta confiança porque envolve necessariamente tudo que acontece na instituição ou na pessoa que o profissional está servindo naquele momento. Profissionalmente, o assessor tem que saber que vai ter acesso a informações que são sigilosas e deve manter esse sigilo, porque a função exige. *No entanto, em minha opinião, para tudo existe um limite ético e se, em virtude do seu trabalho, o assessor se encontrar numa situação em que aquilo lhe parece desonesto, ele tem todo direito de não se envolver. Eu não me envolveria. *Eu me sinto a vontade de falar porque meu assessorado foi envolvido em um escândalo nacional que envolveu um outro assessor e, por isso, ficamos todos sob suspeita. Em todo processo, estive muito tranqüilo e muito a vontade porque eu sabia que não tinha feito e que não faria nada de errado." *----- *Francisco Campera *Assessor de Imprensa do Ministério das Comunicações *"Não só nesse episódio do Marcelo como também outros casos nos fazem repensar sobre esse problema. Eu já fui repórter de redação muito tempo, passei pela Folha, pela Gazeta e dentro dessas redações estávamos sempre discutindo a ética. *Particularmente, acho que o profissional que vai prestar assessoria política tem que levar essa ética consigo. Às vezes nos deparamos com uma situação que nunca passamos antes e nos deparamos afundados por uma série de interesses conflitantes. A ética é a única saída. O que é certo? *O assessor tem que estabelecer um limite, o seu próprio limite, “ou eu faço isso ou eu vou embora”. O assessor tem que ter peito, firmeza e coragem pra se impor e falar. Aprender a dizer não, dizer que não dá para ser assim. Tem que aprender. Contratar uma pessoa que só faz o que o chefe manda, tem aos montes, mas alguém que vá discutir e debater são poucos. *Como disse Cláudio Abramo, 'a ética do jornalista é a ética do cidadão'. Já assessorei outros partidos e outros políticos, então, na minha análise, primeiramente estamos sempre servindo o cidadão e pra isso, temos que nos agarrar à ética. *Mais um detalhe. Temos que procurar ao máximo não cometer deslizes porque não interessa se você passou cinco anos trabalhando corretamente. Um único erro que você deixar passar pode custar muito caro." *----- *Antônio Jacinto Índio *Assessor de Imprensa da senadora Heloísa Helena (P-Sol) *"A questão não é a ética do assessor de imprensa, é a ética do Marcelo Netto, ou seja, pessoal de cada um. Eu não acredito que o Marcelo sabia de todo o desdobramento que aquela informação ia causar. No entanto, o fato é que, se ele realmente o fez, ele privilegiou o veículo e não o seu assessorado (ex-ministro Antônio Palocci). E por ter privilegiado o veículo, ele tomou na cabeça. *Tem que ter ética enquanto pessoa e enquanto profissional mais ainda. A minha consiste em fazer tudo de comum acordo com o assessorado. É melindroso, é chato, mas é necessário. E outra, não podemos privilegiar nenhum veículo. Devemos passar a mesma informação a todos e deixar que eles decidam como cada um vai tratar aquela notícia. Eu, pelo menos, faço assim. A senadora Heloisa Helena age assim e por isso nós interagimos muito bem." *----- *Douglas de Felice *Assessor do senador Renan Calheiros (PMDB) *"A ética do assessor de imprensa é a ética de qualquer outro profissional. Apóio o projeto para regularizar a profissão do assessor, por se tratar de um passo importante, inclusive, para se criar um código de ética no qual os assessores de imprensa possam respeitar e seguir. Atualmente nos baseamos no código de ética do jornalista. O caso do Marcelo Netto pode, também, ajudar como exemplo, na criação desse código." *João Paulo Soares *Assessoria de imprensa do PT Nacional *"O assessor de imprensa, seja quem for o assessorado (pessoa física, jurídica, de direito público ou privado), tem basicamente quatro funções: divulgar para as redações, na forma de releases, assuntos de interesse do assessorado que possam ter relevância jornalística; fazer a mediação entre o assessorado e os profissionais de imprensa, agendando entrevistas, organizando coletivas ou repassando diretamente informações de caráter genérico; fazer o acompanhamento e a análise de tudo o que é publicado na imprensa a respeito do assessorado; e, por fim, produzir, editar e distribuir veículos de comunicação para os públicos interno e externo, contendo, evidentemente, os temas de interesse do assessorado ou do público que ele quer atingir. No caso específico de um partido ou de um político, eu acho importante que o assessor de imprensa tenha afinidade ideológica e acredite no projeto que vai ajudar a defender – embora isso nem sempre ocorra. *Assessor de imprensa que se porta como 'garoto de recados' não é bom assessor de imprensa. Para se desvencilhar dessa 'imagem' ou desse comportamento, o assessor deve buscar sempre convencer o assessorado de que as questões levantadas pela imprensa merecem respostas claras e convincentes, sobretudo se a pauta tiver impacto negativo. Deve também ter uma relação honesta, transparente e igualitária com os jornalistas, esforçando-se para municiá-los com todas as informações necessárias e sem privilégios a veículos ou profissionais. Deve ainda respeitar 'offs', resguardar a exclusividade (quando houver) e indicar com clareza as situações em que o assessorado prefere não se manifestar. É uma triangulação complexa (assessor, assessorado e jornalistas), que não pode ser limitada, nem reduzida, a um mero procedimento de leva e traz. *Nenhum trabalhador, de qualquer empresa, deve aceitar indiscriminadamente todas as ordens do patrão. Nas profissões, como na vida, há limites éticos (às vezes até de ordem pessoal) que nunca devem ser ultrapassados. Quanto aos jornalistas (incluindo assessores), estes devem ter sempre o compromisso sólido com a honestidade no esclarecimento dos fatos. Acho que essa é a linha principal, embora haja outros pontos importantes. *Não vou julgar as 'supostas ações' de Marcelo Netto. Naturalmente, entendo que nenhum cidadão deva compactuar com procedimentos ilegais - seja em casa, na rua, na escola, no clube ou no serviço. *A relação entre o assessor de imprensa e os funcionários das empresas jornalísticas deve ser exclusivamente profissional, nos parâmetros descritos acima. Ela se torna promíscua quando rompe esses parâmetros." *Mariana Diniz Wirtzbiki (estagiária de jornalismo / sob supervisão de Miriam Abreu)
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