O EXTERMINADOR DO FUTURO - Filme que marcou o Cine Lacerda na sessão meia-noite - Por Marcos Souza

Essas sessões da meia-noite no Cine Lacerda foram marcantes

O EXTERMINADOR DO FUTURO - Filme que marcou o Cine Lacerda na sessão meia-noite - Por Marcos Souza

Foto: Divulgação

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Eu sempre que gosto de revisar minhas andanças de diversão pelo Cine Lacerda na década de 80, quando vivi plenamente minha adolescência nas salas de cinema em Porto Velho, gosto de ressaltar que a programação de filmes nessa época aqui era diferente em relação às outras capitais. Os filmes que eram lançados chegavam com um atraso de seis meses a um ano nos cinemas locais e depois en-travam num circuito de reprises.
 
O Cine Lacerda era o cinema de ponta da cidade e o mais antenado com os grandes centros, porém, com lançamentos atrasados e depois dos filmes terem feito quase todo o circuito nas grandes capitais chegavam por aqui. O mal disso é que as cópias que eram exibidas aqui tinham problemas de riscos nas imagens, às vezes o som travava em algum momento. Mas, ainda assim, ninguém reclamava.
 
 
Tinha uma sessão da qual eu era fã no Lacerda, a da meia-noite, que geralmente eram filmes de terror, ação ou pornô, e levava um bom público à sala, quase sempre cheia. Mas era uma sessão aleatória, sem ser permanente, e sempre surgia na programação quando tinha um filme com potencial para levar uma galera ao cinema.
 
Um dos filmes mais preciosos dessa sessão foi o clássico do diretor James Cameron (Titanic e Avatar), “O Exterminador do Futuro”, que foi lançado em 1984 e chegou por aqui em 1986 com uma promo-ção de marketing absurda. Uma faixa gigante com o nome do filme pendurada na extensão de entrada do cinema. O tablado com o cartaz oficial e algumas fotos.
 
O filme teve uma estreia excelente e angariou um público notável para conhecer um ator que viraria o xodó dos porto-velhenses, Arnold Schwarzenegger, no papel do androide T-800 um androide com endoesqueleto revestido por tecido vivo (pele humana). Quando o filme foi jogado para a sessão da meia-noite, parece que não diminuiu em nada a sua repercussão na bilheteria local.
 
O apelo da sua proposta, com ação quase ininterrupta num gênero de ficção científica pessimista  herança do período pós “Blade Runner - O Caçador de Andróides” (1982), do diretor Ridley Scott , porém com muita ação e quase beirando o terror, consolidou ainda mais a temporada em que ficou na programação.
 
Esse tipo de filme de ficção científica, pessimista, com uma premissa apocalíptica ou personagens decadentes e vivendo uma jornada de sobrevivência, na época foi chamado de “tech noir”. Muitas luzes, efeitos de neon e cidades decadentes, geralmente vistas à noite.
 
 
“O Exterminador do Futuro” era o segundo filme da carreira do diretor James Cameron, que vinha da escola de cinema “B” do mitológico produtor Roger Corman, onde iniciou sua carreira como cineasta produzindo maquetes e atuando como técnico de efeitos especiais, até conseguir fazer “Piranhas 2” (1981), quando escreveu e dirigiu, tomando o projeto de outro diretor.
 
Depois da péssima repercussão do seu primeiro filme, na Itália, onde ele rodou “Piranhas 2”, Came-ron revelou que teve um sonho intenso onde viu um esqueleto de metal saindo das chamas e que o perseguia de forma implacável. Com esse fiapo de premissa que o fez suar muito, ele desenvolveu a ideia de um mundo futurista em guerra entre máquinas e humanos; daí saiu o nome Skynet  inteli-gência artificial na época. Mas a grande sacada era um androide quase invencível vir do futuro para matar a mãe do líder rebelde, John Connor, que se opunha à tirania das máquinas. E os rebeldes envi-am para o presente Kyle (Michael Biehn), como o protetor de Sarah Connor (Linda Hamilton). Inicia então uma caçada brutal, com o exterminador tentando matar Sarah, Kyle fazendo de tudo para prote-gê-la, em perseguições alucinantes.
 
Esse filme, da forma como Cameron realizou, com um orçamento de 6 milhões de dólares, ou seja, muito baixo, típico de um padrão de filme B mesmo, foi rodado com alto impacto nas cenas de ação e sequências de confronto, principalmente do androide com o casal e a polícia.
 
Eu digo que o mestre do gênero terror, John Carpenter, deve ter influenciado muito na postura do vilão e protagonista, que não morre e tem a missão de matar Sarah, custe o que custar. A citação de “Halloween” (1978), de Carpenter, é bem presente, da caçada a uma pessoa  no caso do filme de terror, Michael Myers persegue a irmã Laurie de forma implacável.
 
“O Exterminador do Futuro” tem várias sequências espetaculares para um filme de ação e ficção cien-tífica na época, como o massacre na delegacia, onde o androide destrói e mata 30 policiais em busca de Sarah. Outra sequência é a perseguição na autoestrada que culmina na explosão de um caminhão com o androide dentro. Que culmina na cena do sonho de James Cameron, quando dos escombros em chamas surge o esqueleto metálico do exterminador e continua a perseguição a Sarah e Kyle.
 
Essa é a sequência do terço final do filme e causa muito pânico na forma como é mostrado. Quase um terror.
 
 
Grande parte do orçamento do filme foi gasto com efeitos especiais da empresa Stan Winston Studio, do especialista Stan Winston  um mestre em efeitos práticos. Então o filme tem algumas sequências de efeitos que para o padrão de hoje envelheceram, como Arnold consertando o olho danificado em frente ao espelho. A perseguição do esqueleto do androide com o casal foi feita em stop motion com o boneco se movendo quadro a quadro. Foi contratada uma empresa especializada para colocar os efeitos de raio laser nas armas do futuro.
 
Uma curiosidade sobre o filme: o ator Arnold tinha se apresentado para fazer o papel de Kyle, o prote-tor de Sarah, mas o diretor e o responsável pelo elenco acharam que ele não era expressivo o suficien-te, tinha ainda um forte sotaque alemão com inglês  ele é austríaco e o seu perfil atlético, de hal-terofilista, era perfeito para desempenhar o papel do androide assassino, monosilábico e frio, inexpres-sivo.
 
Esse foi o papel que consagrou Arnold Schwarzenegger de forma absoluta; não por menos o filme teve cinco continuações, sendo a de 1991, ainda sob o comando de James Cameron, tão boa quanto esse primeiro filme até superior, pois trabalhou com um orçamento muito maior e os melhores efei-tos digitais que o cinema poderia produzir na época.
 
E a sessão de meia-noite no Lacerda com essa maravilha? Foi um sucesso. Durante a projeção do filme, a sala ficava em um silêncio absoluto, com todo mundo concentrado, tenso, acompanhando a perseguição e cenas de violência.
 
Na saída da sala do cinema, por volta de 01h40 da madrugada, se você não tinha carro ou moto, pe-gava um táxi  que era caro por conta do horário  ou ia a pé pra casa. Como eu não morava tão longe do cinema, fui a pé. O detalhe é que eu tinha ficado tão impressionado com a cena do esqueleto do androide perseguindo o casal protagonista do filme, que a caminhada que eu fiz foi tensa, pois qualquer barulho em minha volta me assustava e, claro, acelerava o passo. Fiquei ainda dias com essa cena na cabeça.
 
Essas sessões da meia-noite no Cine Lacerda foram marcantes.
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