O Prêmio selecionou 61 escritoras entre mais de duas mil inscritas
Foto: Divulgação
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A professora Avacir Gomes dos Santos Silva, docente do Departamento de Educação (Daced) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Campus de Rolim de Moura, foi selecionada no Prêmio Carolina Maria de Jesus, promovido pelo Ministério da Cultura (MinC). O Prêmio selecionou 61 escritoras de mais de duas mil inscritas, dentre as quais estão inclusas mulheres negras, PcDs, indígenas e quilombolas, com obras em diversos gêneros literários, como contos, crônicas, poesias, quadrinhos, roteiros de teatro e romances.
A comissão do MinC recebeu mais de 2.500 inscrições do Brasil inteiro. Incluída entre as 61 selecionadas pelo Edital do Prêmio Carolina de Jesus, a obra da professora Avacir é intitulada “Falas do Tempo: crônicas e causos”. Ela apresenta um conjunto de causos, histórias e crônicas, as quais retratam as vivências de duas mulheres, uma a mãe, nascida no alvorecer do ano de 1930 e outra, sua filha, nascida no último quartel do século XX.
Nesse sentido, a ideia é exemplificar as vivências de uma geração de mulheres em transição entre os séculos XX e século XXI, marcadas pela oralidade, escrita, cultura, economia, educação e sociedades organizadas em diferentes lógicas. A ideia central é delinear a passagem do tempo, entre as morosidades (antes) e suas atuais efemeridades (presente).
“Falas do tempo: crônicas e causos” é uma obra escrita por uma filha que ouvia e se encantava quando criança pelas histórias contada pela mãe. Duas vidas, duas mulheres, dois séculos, oralidades e escritas, memórias e narrativas, que se separam, mas que se amalgamam nas escolhas, dilemas e ditames vividos pelas suas personagens. A docente explica que “O processo de criação da obra “Falas do tempo”, se dá desde todo o sempre, quando em minhas reminiscências infantis me vejo em uma grande roda de mulheres e crianças, sentadas na frente de casa, uns a contar e outras encantadas a ouvir as histórias de assombrações, de lobisomem, mula sem cabeça e contos de esperteza do Pedro Malasartes”.
Processo de produção
Nos últimos três anos Avacir passou a transcrever essas histórias e causos para o suporte da escrita, com auxílio das memórias de sua mãe, para os detalhes que não conseguiu lembrar tão bem. As crônicas são escritas pessoais das vivencias de professora, mulher, preta e sexagenária, que ao longo dos anos foi escrevendo “despretensiosamente”.
Quando teve acesso a divulgação do edital, Avacir juntou as crônicas e os causos em formato de livro. Como escritora, a experiência de Avacir tem se voltado para a produção de livros acadêmicos, frutos de pesquisas de doutoramento, projetos de pesquisa na graduação e pós-graduação, voltados para temáticas ligadas a colonização, ocupação e a acultura do território amazônico, com especial atenção ao Vale do Guaporé. “Esta será a minha obra de iniciação no campo literário. A literatura tem sido uma paixão que me acompanha ao longo da vida. Essa é então, a possibilidade de iniciar a minha carreira também no campo da literatura, dependendo de como será a recepção do público leitor” elucida Avacir.
Para a professora, o ato da escrita é sempre utópico. Não como impossibilidade, mas como algo que permeia o horizonte, ao se pensar sobre a leitora ou o leitor ideal e que a mensagem da obra alcance o maior público possível. “Pessoalmente espero poder explorar esse universo da literatura cada vez mais. Para a região norte penso que a premiação abre espaços para que outras escritoras e escritores se sintam motivadas e motivados a divulgar suas obras, que muitas vezes estão adormecidas em gavetas ou esquecidas em arquivos de computador por falta de políticas de incentivo à produção, divulgação e incentivo à leitura das obras literárias” comenta.
Livros produzidos pela professora
“O Prêmio Carolina Maria de Jesus é de suma importância e espero que o MinC o transforme em uma política permanente, e que essa iniciativa do Governo Federal se expanda para as regiões e estados brasileiros, para que outras tantas mulheres, e em especial as mulheres pretas, possam ter suas obras analisadas com total rigor acadêmico e um suporte financeiro para publicá-las. As mulheres, historicamente, são as maiores consumidoras de literatura, mas paradoxalmente, são as que menos escrevem tais livros. Iniciativas iguais a do Prêmio Carolina Maria de Jesus podem mudar o foco desse cenário”, finalizou a professora.
Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres - É uma premiação para obras literárias inéditas produzidas por mulheres brasileiras, criado para promover, valorizar autoras nacionais e incentivar a qualidade literária por meio de concurso. O prêmio tem como objetivo promover, valorizar e difundir a literatura brasileira produzida por mulheres e a circulação de autoras, com ênfase na bibliodiversidade, além de estimular a formação de leitores e leitoras de literatura produzida por mulheres e as práticas de leitura.
Autor: UNIR
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