Show - O canto rondoniano dos nossos compositores
Foto: Divulgação
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Candeeiros, remo, cesta, caniço, tarrafa e esteira estendida no chão, foi o cenário que abrigou os músicos, compositores e cantores que participaram do show de encerramento da VI Mostra Sesc Rondônia de Música “Rondoniano”. Como podemos observar o cenário retratava o ambiente de uma casa ribeirinha, aonde a comodidade da energia elétrica ainda não chegou e seus habitantes vivem da pesca e dos produtos tirados da terra, com o suor do trabalho de quem luta pela sobrevivência de seus familiares. Luciano o artista autor da idéia do cenário, faz parte da equipe do departamento cultural do Sesc Esplanada.
Apesar dos compositores convidados não terem passado seus repertórios à coordenação, a decoração do ambiente tinha tudo a ver com as letras das músicas apresentadas por Binho, Biesek, Grego e Silvio Santos. Outra curiosidade, foi que Ceiça Farias coordenadora do evento e responsável pelos convites aos compositores, não exigiu que as composições tivessem como cunho, a exaltação as coisas vividas pelos ribeirinhos e colonos de nosso estado, enfim, o repertório era de livre arbítrio dos compositores, porém, o que o público escutou, foram justamente canções com letras que se identificavam com o cotidiano do caboclo ou do colono rondoniense e do dia-a-dia do povo que vive às margens dos nossos rios e igarapés.
Começa o espetáculo
Assim, o primeiro cantor a se apresentar Binho, disse das coisas de Porto Velho como o “mercado municipal” e dos bois-bumbás Corre Campo e Malhadinho, terminou cantando as “Lavadeiras” do tempo do Igarapé das Pedrinhas e do Igarapé Grande que existia no Bairro do Areal, tudo entremeado por belas e oportunas poesias.
Marcos Biesek veio com a cara de quem não quer nada, pendurou o violão no pescoço e fez uma ode a falta de respeito para com a natureza, em especial sobre a devastação da nossa floresta. Acontece que Biesek em seu estilo satírico, coloca em dúvida se toda essa devastação é mesmo prejudicial, ao afirmar que “planta de plástico não morre e peixe artificial necessita apenas de pilha nova para reviver e que o canto dos pássaros pode ser ouvido através de um clic no média play”. Assim, ele nos fez comprar no “Box
Quando pensávamos que coisa ficaria nas andanças do paranaense de Ariquemes, surge no palco, o jiparanaense Grego com uma viola de 10 cordas, dizendo, “não sei por que, de uns tempos para cá, acharam de dizer que viola é caipira, não tem nada disso, viola é instrumento clássico oriundo do alaúde e que nos leva a viagens sonoras encantadoras, inclusive pelo mundo caipira. Com essa explicação e depois de mostrar que Uiara é o verdadeiro nome da mãe d’água que chamamos de Yara, numa canção que também defende a preservação das coisas da Amazônia, colou toda a platéia do “Trenzinho Caipira” de Villas Lobo e a levou para o bloco que o Silvio Santos estava concentrando nos bastidores, do teatro.
O espetáculo “Rondoniano” estava chegando ao fim, quando Silvio Santos resolve colocar o bloco na rua cantando a marcha rancho “Amor de Quatro Dias”, nessas alturas, a platéia extasiadas pelas apresentações anteriores, não se continha em aplausos, tudo era digno de gritos e assobios comuns nesses espetáculos e o jovem ancião da nossa música, pediu a apresentadora Thaiane que quando o fosse anunciá-lo, dissesse que ele está completando 50 anos como compositor, feito isso o “Menino de São Carlos que se fez Zekatraca”, começou a viagem pelos ritmos brasileiros aplicados pela sua verve musical e mostrou através do chorinho “Coisa de Boêmio” que o boêmio não coaduna com a violência que assola a mesa de um bar. Seguiu navegando pelos rios brasileiros com o seu “Trem Fluvial” e chamou seu filho Silvinho para acompanhá-lo nessa empreitada ribeirinha e terminou, por lembrar a platéia que, apesar de tentarem mostrar o contrário, os conflitos sociais ainda existem e estão acontecendo a cada minuto de nossas vidas. “E eu estou aqui, somente pra cantar, dizer que o povo quer apenas trabalhar”. Enquanto o povo cantava o refrão e aplaudia Silvio Santos os músicos Bira Lourenço (percussão) Catatau (bateria e carron); Ronaldo Barbosa (contrabaixo e vioplão); Alex Batata (piano) e Orlando Babão (violão e cavaquinho) encerravam a VI Mostra Sesc Rondônia de Música, levando à platéia a loucura ao tocarem o chorinho “Noites Cariocas”.
Os créditos começam a subir: Produção Ceiça Farias e Fabiano, sonorização Henrique; Iluminação Josias; apresentação Thaiane; Apoio; Equipe do Departamento de Cultura comandada por Mariângela Aloise; Realização Sesc Rondônia.
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