Momento Lítero Cultural XXXI

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Momento Lítero Cultural  XXXI

Foto: Divulgação

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*SELMO VASCONCELLOS - Porto Velho, RO. Poeta, cronista, contista, antologista, divulgador cultural e editor da página literária impressa semanal “LÍTERO CULTURAL”, desde 15.agosto.1991, em parceria com o saudoso amigo/irmão/escritor José Ailton Ferreira “Bahia”, falecido em 21 de setembro de 2005, no jornal Alto Madeira.Com cerca de 1450 colaboradores no Brasil e mais em 35 países. Obras publicadas (poesia e prosa): REVER VERSO INVERSO (1991), NICTÊMERO (1993), POMO DE DISCÓRDIA (1994), RESQUÍCIOS PONDERADOS (1996) e LEONARDO, MEU NETO (antologia,2004). Livretos independentes (poesia): MORDE & ASSOPRA e suas causas internas e externas (1999), DESABAFOS em memória de ROY ORBISON (2003), Revista Antológica “Membros da Galeria dos Amigos do Lítero Cultural” (2004) e poesias traduzidas para o francês, inglês, alemão, italiano, japonês, russo, grego chinês, polonês e espanhol. www.selmovasconcellos.zip.net. *O Brasil lendo www.rondoniaovivo.com *- *Dedicado ao Dr. PAULO GONDIM, Dr. FÁBIO, Sra. TÂNIA GONDIM e EQUIPE de ENFERMAGEM do HOSPITAL CENTRAL pelos cuidados dispensados ao meu filho Renato durante a cirurgia e nos dias internado *- *JOSÉ NÊUMANNE PINTO *Heróis brasileiros *- *Severino Dias de Oliveira *(*Itabaiana, 1930-+João Pessoa, 2006) *- *Adeus, Sivuca! *- *Vai, amigo, tocar sanfona no forró do céu! *- *A bênção, maestro! *- *Nada havia melhor que se alegrar em suas obras e esta é a parte que lhe cabe. Eclesiastes, 3; 22. *- *Lança o teu pão sobre as águas que passam, porque depois de muito tempo o acharás. Eclesiastes, 11; 1. *- *A glória, para Sivuca, *não se reduz à fama *nem se conta em notas, *as moedas sempre falsas *a trocar de mão. *Pois a glória de Sivuca *tem nada a ver com fortuna. *A glória de Sivuca *é onça caetana *e é légua tirana, *uma mágoa insana. *Ela tem a ver é com a sorte, *com a sorte até pode ser, *mas não a sorte no jogo *e, sim, a sorte no amor. *- *Pois a glória é menina, *a glória é moça, *seu nome é severino *e é nome de mulher. *Pois é, a glória é mulher. *E também é melhor: *é gáudio, é orgia, é folia, *carinho, estripulia. *- *Para aquele moço de Itabaiana, *a glória sabe o que é? *É entrar no Metropolitan Opera *pela porta da frente *e pelo poço da orquestra, *essa cacimba em si, *esse rio em fá, *esse mar sem mi, *esse povo sem dó, *esse sertão que é só: *a glória é pó, é pó e é pó. *- *A glória, para nosso mestre, *é uma banda inteira *e é alva, albina, é fina: *a glosa do verso torto *e a tosa da rima acima, *é subir aos céus *na tocata e fuga de Bach *e descer aos infernos *num tema de Miles Davis. *E tudo num instrumento camponês, *uma sanfona sacana, *uma safena safada, *um fole de oito baixos *e tantos outros altos *a resfolegar e a respirar *o alento todo do cosmos, *o justo susto do caos. *- *Pode até ser o violão de Pata Pata *por trás de Miriam Makeba, *mas de dentro da África inteira *em feiras de mangaio *em chinelos de rabicho, *num choro de cor e dor, *riso da alma *e ônus do amor. *- *A mera prova sublime *de que a vida é música *e a morte é máscara: *uma canção de nanar nenê, *uma cantiga de amigo, *o Bolero de Ravel *na Praia do Jacaré *e o réquiem que Mozart fez *para o próprio enterro. *Ela vem no berro primevo *do guri expulso do ventre, *o morno ventre materno. *- *É ainda a república dos sonhos *e o império dos cinco sentidos: *a vista curta, o passo largo, *o tato esperto, o couro cru, *um gosto azedo *de pitomba verde *e os sons barrocos *dos carrilhões *das catedrais de Colônia, *Paris, Veneza e Patos. *- *A glória é a mãe do santo, *o porre, o pranto. *A glória é um manto: *a sagrada lã *do profano clã. *É mais o forró forro *do banzo negro *e o frevo rasgado *de nós, cativos da paixão, *amém! *############# *JULIANA HOLLANDA SACHÊT *NOVA LÍNGUA *- *Conversa descontrol, *comportamento ao cubo control 10. *- *Vou inventar gírias, *novas palavras pro vocabulário *dessa ausência triste que concreta *me completa. *- *Ausência na saudade doce do teu carinho, *na vontade de contar borboletas no Jardim Botânico... *- *Pensamento ressuscitado *na angústia simples *de contar estrelas... *- *Sentimento ansioso *na vontade calculada de um beijo *- *Sanidade mental controlada *pela vontade sóbria de dormir *contando letras *no dicionário invisível *que ainda não escrevi *com as nuances do nosso *amor na ponta do lápis. *############# *ANA TERRA *- *Saiu o Semeador a semear *Semeou o dia todo *e a noite o apanhou ainda *com as mãos cheias de sementes. *Ele semeava tranqüilo *sem pensar na colheita *porque muito tinha colhido *do que outros semearam. *Jovem, seja você esse semeador *Semeia com otimismo *Semeia com idealismo *as sementes vivas *da Paz e da Justiça. *########## *ANIBAL BEÇA *O DOM DA AMIZADE *- *Amigo não tem dia pra louvar *toda hora é hora agá *amigo com defeito não existe *tudo é bom que se aviste. *- *E mais que tudo tudo é maravilha *há os que são como ilha *os cercados de amigos de verdade *nas águas da amizade. *- *Esse Dom é de poucos já se sabe *vontade que se cabe *em si e sem alarde, mas que invade *- *a vida, seus percalços e castigos *esse nó tão antigo *desfeito numa só palavra: Amigo! *################ *ARTUR GOMES *sagarínica ou fulinaimânica *- *jogo de dada/ista *não sou iluminista/nem pretender *eu quero o cravo e a rosa *cumer o verso e a prosa *devorar a lírica a métrica *a carne da musa *seja branca/negra *amar/ela vermelha verde *ou cafusa *- *eu sou do mato curupira carrapato *eu sou da febre sou dos ossos *sou da lira do delírio *são virgílio é o meu sócio *pernambuco amaralina *vida leve ou sempre/vida severina *sendo mulher ou só menina *que sendo santa prostituta *ou cafetina *devorar é minha sina *profanar *é o meu negócio *############## *CHRIS M. HERMANN *nati-vôo *- *voam tão alto *aqueles pássaros *que os homens *não os enxergam, *não os percebem, *mas eles (co)existem. *e gritam surdos *dentro em nós. *- *de ventos *em templos *guardam *sob as asas *os (a)mares, *e as brigas *e castelos *(de areia) *que ficaram *sob as ondas. *- *pousam nus *em verdes campos, *suavemente... *devoram a relva *sem pudores. *e deixam-se *embriagar *pelas cores *das flores. *- *dançam loucos, *bêbados e livres *divina coreografia. *sem batina, *geografia ou etnia *embalam poesia. *- *um chorus infantil *invade a lavoura. *pássaro-menino *quer aprender *(finalmente) *a voar. *- *abrem-se os céus, *forma-se *nuvem-manjedoura. *- *uma folha cai *e uma borboleta voa. *############### *MARKO ANDRADE *Bom dia futuro *- *Atados no agora *Impressos folhas lugar *Um só, um nó,um nós. *Expedições adentro mordem o tempo *Moem em bicho maquina o cotidiano *Escava corações cristalinos *Perfura muralhas de pedra *Enraíza tudo ao contrario. *É o pião das rodas nuas meninas *Rachando em machado nas mãos de xangô *O ferro das carapaças cabeças. *E sem mistérios *O futuro amanhece *Em um pequeno gesto arisco *Solto por ai *############# *JOCIMAR BUENO *A VENEZIANA *- *A veneziana esparrama garoa *A toa a tardenoite me sobrevoa *Um gato arranha o ar *Os pelos dos vento se eriçam *No céu espaços entre nuvens *Desvão, dez vãos no alto *Seu olhar miúdo e mudo *Se infiltra no azul *Lúcido abandono a dor *A poesia não se nega *A luz não fere, não cega *Grita em calor brando: *“Coragem, há morna aragem!” *Pisco, risco, rabisco o gato, *Uma lebre alegre vem... *Aromatizando a batalha *O encontro ri e vivifica *Quando não fica, qualha *O desejo de alto gritar: *“Que haja o hoje! Só o hoje!” *O tempo! Ah! este tempo! *O meu olhar criança a medir *O ressonar da esperança a dormir *A veneziana esparrama garoa *A toa a tarde se foi *A noite já não me sobrevoa *################## *REGINA CÉLIA GERÔNIMO *2º colocado – categoria adulta *IEPÊ, SP *REVOLTA E TRISTEZA *- *Revolta e tristeza tomam conta do meu coração. *Por viver no país da abundância *Mas que muitos passam necessidades *por causa do mensalão. *Digo com convicção *pois o dinheiro do assalariado *é muito desviado *para manter a corrupção... *como posso me calar! *Se vivemos na terra da fartura *onde há grandes plantações, *boiadas, granjas, frutas e também irrigações. *E muitos passam fome *Sede e muita humilhação *Governantes soberanos com *seus carros do ano *Casarões e vida glamourosa *Nem se importam com a nação *Penso que fecham os olhos *Ou que nem têm coração *Por verem crianças passando fome *Velhos abandonados, pais desesperados *Trabalhadores transtornados sem *o dinheiro da condução. *Oh! Brasil será que só sabes *despertar em mim dois sentimentos? *Revolta e Tristeza? *Sabes que só terei alegria *Quando todos tiverem o que *comer na mesa. *Neste dia só caberá em meu *coração dois sentimentos *Alegria e Satisfação. *########### *DORA ALVARENGA *HÓLON *- *Elétrons na periferia te sugam a calma *o sangue corre apressado... *- *Tudo é paradoxalmente excitante *e opressivo, *mágico e real. *- *Vislumbro tua sombra no sol *como flores de outubro a despencar espectros. *- *Sou-te, às vezes, um pouco. *- *Porque teu calor reage no meu *e porque de alguma forma *mesclam-se nossas almas e segredos. *- *Por isso, segui. *Pois rondam-te *paixão e integridade, *agonia e paz. *- *E porque teu cheiro rastreia meu ser; *tudo ficou no âmago da consciência, *na intimidade quântica de mim, *na pertinência ousada de ti. *- *E viver esta lembrança *é experimentar deliciosa e meiga *a vontade farta e louca *de arrancar tuas couraças *degustar teus pecados *e perpetuar-me frouxa e lânguida *por entre esses instantes poucos. *############## *SERGIO FREIRE *Soneto para o segundo filho (01.12.2006) *- *Tu, que chegas sem nenhum alarde *Vens de repente numa alquimia *No meio do dia, era ainda à tarde, *A tua irmã ainda nem dormia *- *Tu, que te apresentas para ser amado *Por conta própria cruzaste muralhas *Chegou bem de mansinho e bem calado *E no ventre da tua mãe te agasalhas *- *Tu, pequena coisa ousada e destemida *Veio rasgando espaço atrás de vida *Sabes que tu terás senão amor *- *E trazes na tua vinda aguerrida *Escrito nas pétalas da margarida *“Do teu jardim, pai, sou a segunda flor” *############# *MARIA CLARET *IGUAIS *- *Iguais nos pecados e na sabedoria *Nos desejos e nas rebelias *Sempre querendo as mesmas coisas *Os mesmos sentidos *Que as chuvas passem e *Que o arco-íris brilhe *Em nossas vidas *Se é lucidez ou desatino, não sei. *Só sei que a dor nos consome *Diariamente *Então, fingimos ser felizes *Mas para quem? *Se nós somos a própria dor *O amor, onde está? *####### *ELIZABETH GUELFI BIGLIA *Nós e a Lua *- *A luz apagada e a varanda iluminada, *É ela,a luz da Lua *Iluminando-me com a saudade... *- *Beijos e abraços *Refletidos na parede, *Pela luz da mesma Lua... *E quando abria os olhos *Ela estava lá, *Cúmplice do namoro ingênuo de portão... *- *Hoje, sob à luz da Lua *Não há mais ingenuidade... *Mas sim, um amor ardente *Que surgiu daquelas preliminares... *##########
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