ALMANAQUE 26 – Clássico do boxe, Zuzu Angel, Tarantino, Noel Rosa e Desperate housewifes
*Foto/legenda: Ilustração que reproduz cena do filme Kill Bill, de Quentin Tarantino
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O EDITOR ESCREVE
*Pois é amigos leitores e internautas, a coluna Almanaque ganhou uma nova configuração na sua estrutura textual, contrariando a semblância “nobre” do seu articulista, Humberto Oliveira, ela está mais enxuta, agora encorpada com entre-títulos fixos, com aquela abordagem crítica e bem humorada, que se tornaram marcas registradas do seu autor.
*Essa semana a coluna está recheada de filé. Iniciando por “Punhos de Campeão”, filme que abre o “Clássico da Semana”, se não o melhor, um dos mais instigantes filmes a mostrar os bastidores do mundo do boxe. Depois o querido escriba desfia o seu rosário em cima de “Lili – A Estrela do Crime”, que eu não vou contrariar a sua crítica positiva. Por isso vamos passar batidos.
*Vale destacar a justa homenagem que ele faz ao grande mestre Noel Rosa, com a letra do samba Onde está honestidade? (1933) na abertura de VAI UMA LETRA, AÍ? (MESTRES DA NOSSA MÚSICA). Cai bem na situação que se encontra o Estado de Rondônia e o país.
*O filme “Zuzu Angel” que estreou em Porto Velho essa semana (cuidado leitor, se você se interessar corra direto para o cinema, Cine Veneza, pois com a média muito baixa de público talvez o filme saia de cartaz antes do previsto) mereceu uma ótima resenha.
*Filézão mesmo é o relançamento em DVD do filme dividido em duas partes do diretor pop/cult Quentin Tarantino, “Kill Bill Vol. 1” e “Kill Bill Vol. 2”. Se o primeiro volume é um primor de referências culturais dos clássicos filmes de kung fu (quem lembra da ótima sessão do gênero que passava na rede Globo, “Faixa Preta”, no final das noites de terça-feira na década de oitenta? – eita que agora fui longe), até com um dinâmica vertiginosa nas tomadas de câmeras e na edição, o segundo já segue um ritmo mais pausado, lento, com planos aberto, em uma clara referência aos western spaghetti do diretor Sergio Leone. Mas o Humberto dá uma passada de pente fino caprichada na mais recente obra de Tarantino.
*Pra não estragar mais ainda as surpresas da coluna, basta dizer que ele deu uma conferida e já deixou pronto o seu parecer sobre a mais nova atração televisiva da Rede TV, o seriado “Desperate Housewifes” (domingo, 21h00), um dos raros enlatados que recheiam a programação aberta e que, realmente, merece a devida atenção, pelos menos os primeiros episódios foram bombásticos.
*Bom proveito e curta o início de uma nova configuração na coluna.
*Marcos Souza, um dos editores do site
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*ALMANAQUE 26 – Humberto Oliveira
* CLÁSSICO DA SEMANA - PUNHOS DE CAMPEÃO
*A distribuidora Classicline lança em dvd mais um clássico do cinema - dirigido pelo veterano Robert Wise, Punhos de Campeão tem como pano de fundo os bastidores do mundo do boxe através do personagem Bill “Stoker” Thompson (interpretado por Robert Ryan), ingênuo e sempre em busca do sucesso como lutador que acaba sendo enganado pelo seu ambicioso agente, Tiny, vivido por George Tobias. Porém, à medida que a luta acontece, as reviravoltas começam a ocorrer, e ninguém sabe as conseqüências que o final da luta pode acarretar para Bill, que está mercê das ações de gangsteres violentos que apostaram em sua derrota.
*O diretor Robert Wise, que foi montador de Cidadão Kane de Orson Welles, dirige Punhos de Campeão com a competência, talento e versatilidade que sempre foram característicos da sua extensa filmografia, com destaque para O dia que a terra parou, Noviça Rebelde, Amor, sublime amor. Wise também foi responsável pela adaptação da série clássica de ficção científica Jornada nas Estrelas para o cinema.
*Para se ter uma idéia da importância de Punhos de Campeão, o filme influenciou cineastas como John G. Avildsen e Silvester Stalone e seu Rock Balboa, de Rock, um lutador (1976), Clint Eastwood em Menina de Ouro (2004), Marin Scorsese e Roberto De Niro como Jack La Motta em Touro Indomável (1980) e mais recentemente Ron Howard e Russel Crowe em A luta pela esperança de (2005). Todos disponíveis em dvd.
*CINEMA BRASILIS
*O filme Lili - A Estrela do Crime é o mais novo lançamento em dvd da Coleção Cinema Brasil. O filme dirigido por Lui Farias em 1988 traz Betty Faria como Elisa Nascimento, uma dona de casa, viúva que está em dificuldades financeiras e então acaba enveredando pelo mundo do crime, convidada por assaltante de banco, vivido por Mário Gomes. A pacata ex-dona de casa passa a ficar conhecida como Lili Carabina, bandida temida pela polícia.
*Lili – A Estrela do Crime é um filme movimentado e baseado em fatos reais. Adaptado por Agnaldo Silva a partir de romance de sua autoria que virou best-seller.
* VAI UMA LETRA, AÍ? (MESTRES DA NOSSA MÚSICA)
*Composição de Noel Rosa em parceria com Kid Pepe, Onde está honestidade? (1933) é um samba cuja letra parece ter sido escrita de encomenda para a atual conjuntura política nacional, mesmo tendo 73 anos, é uma crítica corrosiva e coerente à corrupção, a falta de ética e do alpinismo social. Um exemplo desse gênio da nossa música – Noel Medeiros Rosa, Noel Rosa, o poeta da Vila.
*ONDE ESTÁ A HONESTIDADE
*Você tem palacete reluzente
*Têm jóias e criados à vontade
*Sem ter nenhuma herança
*Nem parente
*Só anda de automóvel na cidade
*E o povo já pergunta com maldade
*Onde está a honestidade
*Onde está a honestidade?
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*O seu dinheiro nasce de repente
*E embora não se saiba se é verdade
*Você acha nas ruas diariamente
*Anéis, dinheiro e até felicidade
*E o povo já pergunta com maldade
*Onde está a honestidade
*Onde está a honestidade?
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*Vassoura dos salões da sociedade
*Que varre o que encontrar
*Pela frente
*Promove festivais de caridade
*Em nome de qualquer defunto ausente
*E o povo já pergunta com maldade
*Onde está a honestidade
*Onde está a honestidade?
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*NO ESCURINHO DO CINEMA – ZUZU ANGEL
*Afinal estréia no Cine Veneza o mais recente trabalho do diretor Sérgio Rezende (Lamarca, Guerra de Canudos). Falamos de Zuzu Angel, longa-metragem que conta a trajetória da famosa estilista que teve seu filho, Stuart Angel, que vivia na clandestinidade no período da ditadura militar, preso, torturado e morto. O filme mostra a batalha que Zuzu Angel travou com os algozes de seu filho. A busca resultaria na sua própria morte, num misterioso acidente automobilístico.
*Zuzu Angel tem no elenco Patrícia Pillar como Zuzu Angel, Daniel de Oliveira encarna Stuart Angel e ainda a participação especial de Paulo Betti que retorna no papel do capitão e guerrilheiro Carlos Lamarca, personagem que interpretou em 1994, dirigido por Rezende.
*ZUZU ANGEL está em cartaz no Cine Veneza – Sessões 19:00 e 21:00. Promoção todas as segundas-feiras, meia entrada em todas as sessões.
*CINEMA EM CASA – COLEÇÃO KILL BILL, VOLUMES 1 (2003) E 2 (2004)
*Relançamento em dvd dos volumes 1 e 2 de Kill Bill escrito e dirigido por Quentin Tarantino. Desta vez o diretor faz uma salada de referências culturais pop, filmes de Kung Fu, seriados antigos como Besouro Verde, quadrinhos, Bruce Lee, Don Siegel e Sérgio Leone.
*Traída e quase morta, no dia do seu casamento, a assassina de elite "A Noiva" (Uma Thurman) acorda depois de cinco anos em coma. Agora tudo o que ela quer é se vingar de seus ex-comparsas e matar o Bill do título. Na segunda parte, Quentin Tarantino apresenta o desfecho da saga de Beatrix. A noiva vingadora agora está à procura de Budd (Michael Madsen) para continuar sua missão: exterminar seus inimigos um a um, até chegar ao seu objetivo; matar Bill (David Carradine). Ainda no elenco Lucy Liu, Vivica A. Fox, Daryl Hannah, Gordon Liu, Sonny Chiba.
*Em Kill Bill Quentin Tarantino mais uma vez utiliza o recurso de contar uma história não linear, cheia de idas e vindas no tempo (flashbacks) como usou com mestria em Cães de Aluguel e Tempo de Violência. Os dvds trazem extras como Making of, Entrevistas, Bastidores, Clipes bônus: "The 5, 6, 7, 8's'' , Filmografia, Galeria de fotos, Trailer de cinema e mais nada.
* TELE+VISÃO (NA TELINHA)
*A Rede TV está exibindo a primeira temporada do sensacional seriado Desperate Housewives todos os domingos a partir das 21 horas. Finalmente a “TV que mais cresce no Brasil” começa a merecer o meu aplauso como espectador. Pois a programação merecia uma reformulação há muito tempo. Mas vamos ao que interessa.
*Desperate Housewives (algo como “a casa das mulheres desesperadas”) criação de Marc Cherry, parte de uma premissa que aos olhos do público atual parece inovador, mas não é. A tramas ou tramas giram em torno de quatro personagens: Susan Mayer, uma mãe solteira; Lynett Scavo que trocou uma carreira de sucesso pela família; Bree Van De Kamp que está prestes a ter toda sua família contra si própria. E, por fim, Gabrielle Solis, uma ex-modelo que sempre consegue o que quer. Além das amigas, Mary Alice adora observar a vizinha Edie Britt que desperta a curiosidade de todos por estar sempre com um namorado novo. Narrado pela personagem Mary Alice, que comete suicídio no primeiro episódio, mas mesmo assim narra tudo que acontece.
*O mesmo recurso utilizado por Billy Wilder em Crepúsculo dos Deuses onde William Holden, um roteirista fracassado e aproveitador, está morto e a história é contada por ele. O mesmo acontece em Beleza Americana dirigido por Sam Mendes, cujo personagem vivido por Kevin Spacey também narra os acontecimentos mesmo estando morto.
*Cansada da mesmice do seu dia-a-dia, Mary Alice decide tomar uma atitude radical para colocar um ponto final em sua rotina. Um dia, em sua bela casa, ela resolve tirar sua vida com um tiro. A partir de então a vida de sua família, de seus amigos e de seus vizinhos é acompanhada por Mary e pelos telespectadores, sob um ponto de vista inusitado e indiscreto. Especialmente suas amigas mais íntimas vividas por Teri Hatcher, Felicity Huffman, Marcia Cross, Eva Longoria.
*Enquanto a Rede TV exibe a primeira temporada (lançada em dvd) acaba de sair à segunda, disponível a partir de 13 de setembro (quarta-feira) que promete fazer mais sucesso ainda que a primeira.
*Desperate Housewives é um seriado contemporâneo, em que comédia, humor negro e drama se misturam o tempo todo, assim como acontece na vida real. Uma ótima pedida para o domingo à noite já que a programação está cada vez mais tediosa e repetitiva.
*SALA DE LEITURA
*Para os apreciadores de um bom romance a dica desta semana é a nova edição de Jules e Jim pela Jorge Zahar Editor, do romance de Henri-Pierre Roché, que virou roteiro pelas mãos do cineasta francês François Truffaut. O filme recebeu o título no Brasil de Uma mulher para dois e traz no elenco Jeanne Moreau como a jovem que acaba se envolvendo com dois homens neste grande filme que sintetiza magistralmente todos os postulados da Nouvelle Vague.
*Neste livro, que reúne o romance e o roteiro decupado e ilustrado do filme, o leitor brasileiro irá desfrutar da leitura de uma narrativa em estilo moderno, telegráfico, incisivo e delicado. Poderá também apreciar como François Truffaut realizou uma das mais bem sucedidas adaptações de obra literária para o cinema.
*No próximo mês será lançado o dvd de Jules e Jim – Uma mulher para dois em edição especial cheia de extras. Vale a pena esperar.
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*A coluna Almanaque desta semana termina por aqui, mas volta na semana que vem com muitas novidades. Um abraço cordial e até lá.
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*Humberto Oliveira é bacharel em jornalismo e já iniciou o seu ritual oriental para pegar (com gosto) na grande espada do samurai Sony Shiba