MARCAS DA VIOLÊNCIA – Primeiro grande filme do ano em Porto Velho - Por Marcos Souza

Depois de nuvens negras sobre a programação de estréias dos cinemas portovelhenses nesse início de ano, com filmes de medianos à ruins, os espectadores podem ir tranqüilos assistir ao mais recente filme do diretor David Cronenberg...

MARCAS DA VIOLÊNCIA – Primeiro grande filme do ano em Porto Velho - Por Marcos Souza

Foto: Divulgação

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Por Marcos Souza¹ *Depois de nuvens negras sobre a programação de estréias dos cinemas portovelhenses nesse início de ano, com filmes de medianos à ruins, onde até o pavoroso “Escuridão” (The Dark/EUA/2005)já está em cartaz no cine Veneza - e o “pavoroso” não é elogio para o filme de terror, mas é porque é ruim “de lascar” e o pior por enquanto a estrear aqui (e olha que o ano só esta começando) -, os apreciadores do bom cinema, que curtem uma boa historia, podem ir tranqüilos assistir ao mais recente filme do diretor David Cronenberg (o mesmo dos clássicos “Scanners”, “A Mosca” e “Gêmeos, Mórbida Semelhança”), “Marcas da Violência” (History of Violence/EUA/2005), em cartaz no Cine Rio (21h00 – Ingressos R$ 10,00). *Confesso que sou fã do cineasta canadense David Cronenberg, pois ele se diferencia da maioria dos diretores por adotar uma linguagem mais ousada, com temas que parecem absurdos, mas ganham uma coerência doentia, e, porque não dizer, surreal na sua visão sobre as relações humanas com suas fraquezas psicológicas frente à modernidade desse “louco” mundo de transformações sociais e tecnológicas. Ainda que, ultimamente, ele tenha extrapolado a sua visão particular com filmes excessivamente pretensiosos e chatos, como “Spider – Desafie sua Mente” (2002), por exemplo. *Em “Marcas da Violência”, baseado numa premiada e consagrada Graphic Novel (história em quadrinho em formato de luxo) de John Wagner e Vince Locke, do selo Vertigo, a linha adulta da Editora DC Comics (a mesma que responde por personagens clássicos como Batman, Superman, entre outros) Cronenberg mostra a vida do pacato cidadão Tom Stall (Virgo Mortense, o Aragorn da saga “O Senhor dos Anéis”) um homem aparentemente de bem, que mora numa cidade pequena e ordeira, dono de uma lanchonete, com uma família bem estruturada, e que ainda se permite arroubos românticos e sexuais com a bela esposa Eddie (Maria Bello), tem um filho adolescente que enfrenta problemas normais numa escola, como o valentão que não vai com a sua cara, e a filha pequena. *A partir dessa estrutura apresentada do personagem central, a rotina de Tom é quebrada com o surgimento de dois violentos homens que resolvem tomar um café na sua lanchonete e ao importuná-lo acabam sendo mortos de maneira implacável, numa ação rápida e violenta desse “pacato cidadão”. Esse fato acaba tornando-o celebridade local por causa da cobertura jornalística, transformando Tom num herói, que justificou o seu ato como “defesa”. *Surge depois um homem com uma cicatriz no olho, Carl Forgaty (Ed Harris, numa aparição sinistra e brilhante), acompanhado de dois capangas, que insiste em chamá-lo de Joey e inicia uma perseguição à sua família por causa disso, indicando que Tom possui algum segredo terrível do passado e que pode mudar tanto a sua estrutura familiar quanto a cidade onde mora. *Com as pistas soltas no decorrer da história, até um certo momento não sabemos quem de fato é Tom Stall e até mesmo a sua esposa, casada há quase vinte anos com aquele homem, começa a achar que algo estranho no passado dele pode colocar tudo a perder, até a sua felicidade. *Não se pode revelar muitas coisas para não estragar as surpresas que vão surgindo, mas o interessante é que o filme segue uma história linear, sem uso de recursos que poderiam torná-lo enfadonho (como o flash-back por exemplo), onde fica clara que Tom assumiu uma vida nova e à ela a sua devoção está escorada no amor íntegro que mantém à sua família, como tivesse o dom e o poder de apagar o seu passado e reiniciar tudo do zero. *Cronenberg segue linearmente sem interrupções e permite assombrosos clímax da qual atiça a curiosidade do espectador em relação as ações que irá tomar Tom, o segundo ato então, quando culmina num embate antológico com o homem da cicatriz no olho, a sensação que se tem é que o filme não tem mais história para contar, mas Cronenberg precisa fechar algumas pontas soltas anteriormente e, graças ao roteiro bem amarrado, as fecha com exatidão e sem pontos mortos, e tudo se torna intrigante, mas ao mesmo tempo esclarecedor, dessa forma paradoxa, quando surge a personagem chave da trama, Richie Cusak (William Hurt, num de seus melhores momentos) . *Ressaltar as qualidades técnicas do filme é “chover no molhado”, da impecável trilha sonora de Howard Shore (o mesmo de “O Silêncio dos Inocentes”, “O Senhor dos Anéis” e “Seven”), passando pela excelente fotografia de Peter Suschizky, o diretor permite ousadias que fazem a diferença, como mostrar em detalhes (ainda que de maneira rápida) os ferimentos causados por Tom, ou mesmo as provocantes e sensuais cenas de sexo entre o casal protagonista (incluindo um nu frontal da atriz Maria Bello). *”Marcas das Violência” garante diversão e tem a grata surpresa de ser ainda melhor do que a obra em que foi baseada, com um aprofundamento ainda mais sensível dos personagens que se conflitam. Pode colocar esse filme na cédula dos melhores filmes lançados esse ano em Porto Velho. *- ¹ Marcos Souza é jornalista e cinéfilo.
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