Deixar o dinheiro aplicado em vez de pagar no ato pode parecer um bom negócio, mas você perderá dinheiro se escolher essa opção
Foto: Divulgação
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Para fazer um bom negócio na hora de comprar ou trocar de carro é preciso colocar em prática dois conceitos importantes: razão e (muita) pesquisa. O investimento é alto e há diversos cenários que podem fazer com que você se arrependa no futuro. Se chegou a sua hora de comprar um veículo, seja por necessidade ou por desejo, saiba que existe uma regra inquestionável: dê a maior entrada possível. Parece óbvio, mas a falsa segurança de deixar dinheiro no banco e ainda ter um carro na garagem pode levar você ao erro. Ficou com dúvida? Vamos aos motivos.
Quanto maior a entrada, maior o desconto e menor a taxa de juros
Hoje em dia, são raras as montadoras que não oferecem nenhum tipo de desconto na compra à vista. A redução vai de 3% a 10% do valor total do carro. A regra é simples: quanto maior a entrada, menor a taxa de juros e maior o desconto. Autoesporte simulou a compra à vista da versão de entrada do Hyundai ix35. Na tabela, o carro é oferecido por R$ 99.990, mas sai por R$ 96 mil no ato – um desconto de 4%.
Leve em conta o custo efetivo total (CET)
Ao negociar um veículo, muitas pessoas só levam em conta os juros do banco, sem impostos e taxas. Esse valor hoje parte de 1,4% (para bancos de montadoras) e pode chegar a 4% em casos extremos. Vale dizer que esses números só são aplicados para veículos 0 km. O problema aparece na hora de fechar à compra para valer – com taxas e impostos, os juros negociados aumentam. Dou um exemplo: Joana comprou um carro de R$ 72.500 e deu R$ 32 mil de entrada. O resto da quantia será financiado em 48 vezes com juros de 1,45%. Com as taxas e os impostos do financiamento, os juros pulam para 1,67%. O valor da parcela, que ficaria em R$ 1.177,03 vai a R$ 1.233,29. A diferença parece pouca? O aumento representa R$ 2.700,75 ao final de quatro anos.
Compare o CET com a taxa de rentabilidade que você consegue em um investimento
O custo efetivo total (juros + custo do financiamento) é sempre maior que a taxa de rentabilidade que se consegue em um investimento. Basta comparar os dois valores para descobrir que pagar à vista é sempre mais vantajoso. “Hoje, a poupança paga 0,5%. Se investir bem o dinheiro, dá 0,8% ao mês (já descontados impostos e taxas) – não tem aplicação que renda mais que isso. Financiar o carro em vez de pagar à vista só faria sentido se você tivesse juro menor que 0,8% ao mês, que também não existe”, diz Samy Dana, professor da FGV.
E se eu não tenho disciplina para guardar dinheiro?
Se você tem dificuldade para poupar dinheiro, a dica é simples: “Hoje, os bancos têm sistemas que tiram o dinheiro da sua conta e investem para você. Quem não tem disciplina para guardar dinheiro, também não terá para pagar a parcela – vai ficar inadimplente. A pessoa tem de criar métodos para juntar”, afirma Samy.
Vamos supor que Joana tivesse o dinheiro total do carro à vista. Sem levar em conta possíveis descontos, ela teria se livrado de todas as taxas (como IOF e taxa de cadastro) e teria dado R$ 72.500 no ato. Como escolheu financiar, Joana pagará R$ 91.198,06 pelo veículo no total. Se tivesse quitado o carro e depositado o valor da parcela (R$ 1.233) em um investimento com renda de 0,8% ao mês, teria juntado ao fim de quatro anos R$ 71.824,52. Como Joana decidiu dar “só” R$ 32 mil de entrada e deixar R$ 40.500 na aplicação, ficou, ao fim de quatro anos, com R$ 59.369,11. Ou seja, ela deixou de ganhar R$ 12.455,41 por ter optado financiar o carro. O que concluímos disso: “Se você tem o dinheiro e é capaz de comprar o carro à vista, a melhor escolha é pagar prestação para si mesmo”, afirma Myrian Lund, professora da FGV.
Vamos fazer as contas? Confira alguns exemplos:
Chevrolet Onix: carro de R$ 50 mil
A prazo
Entrada de R$ 27.931,03 e 48 parcelas de R$ 850,55. Juro mensal do financiamento 1,67 %.
Custo total do Carro: R$ 62.895,22.
R$ 50.000 - entrada = R$ 22.068,97 (valor investido em aplicação com rendimento de 0,8% mensais).
Carro + R$ 40.944,22 (Patrimônio total após 48 meses).
À vista
Pago no ato: R$ 50 mil.
R$ 850,55 (quantia aplicada por mês em um rendimento de 0,8% a.m).
Carro + R$ 49.534,15 (Patrimônio total após 48 meses).
Veredito: O proprietário desse Chevrolet Onix terá deixado de ganhar R$ 8.589,94 se tivesse escolhido a compra a prazo.
Jeep Compass: Carro de R$ 80 mil
A prazo
Entrada de R$ 35.310,34 e 48 parcelas de R$ 1.360,87. Juro mensal do financiamento 1,67%.
Custo Total do Carro: R$ 100.632,34.
R$ 80 mil + entrada = R$ 44.689,66 (Valor investido em aplicação com rendimento de 0,8% mensais.
Carro + R$ 65.510,75 (Patrimônio total após 48 meses).
À vista
Pago no ato: R$ 80 mil.
R$ 1.360,87 (Quantia aplicadoa por mês em um rendimento de 0,8% a.m).
Carro + R$ 79.254,64 (Patrimônio total após 48 meses).
Veredito: Se o dono desse Jeep Compass escolhesse pagar o veículo à vista pouparia R$ 13.743,90 ao final de 48 meses.
Taxas: IOF: 0,38; IOF 3% ao ano; Gravame; Taxa de cadastro; Seguro proteção; Financeira (SPF).
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!