O ministro Luís Roberto Barroso anunciou nesta quinta-feira (9) sua aposentadoria antecipada do Supremo Tribunal Federal (STF), encerrando uma trajetória de 12 anos na Corte. Presidente do tribunal desde 2023, Barroso afirmou que deixa o cargo por vontade pessoal e que pretende seguir “outros rumos, com menos exposição pública”.
“Não tenho apego ao poder. Saio com a consciência tranquila, sem arrependimentos, mágoas ou ressentimentos. Foram tempos difíceis, mas se fosse necessário, faria tudo de novo”, declarou o ministro durante a sessão plenária de despedida.
Nomeado em 2013 pela então presidente Dilma Rousseff, Barroso destacou a forma “republicana” de sua indicação e agradeceu o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante de momentos de crise institucional, como os ataques de 8 de janeiro.
Em seu discurso, o magistrado exaltou o papel da educação pública em sua trajetória. “Devo tudo o que tenho e o que sou à escola pública. Fui formado por ela desde o ensino fundamental até a universidade”, disse, referindo-se à sua formação em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Barroso também ressaltou valores como empatia, civilidade e gentileza na vida pública, afirmando que o radicalismo é “um inimigo da verdade e da convivência democrática”.
A aposentadoria antecipada abre espaço para uma nova indicação ao Supremo por parte do presidente Lula, o que deverá movimentar o cenário político nas próximas semanas. Barroso completaria 75 anos apenas em 2033, idade-limite para permanência na Corte.
Antes de deixar a presidência, o ministro foi homenageado em um jantar em Brasília com magistrados e servidores. Em clima descontraído, chegou a cantar clássicos do samba como “Eu e Você Sempre”, de Jorge Aragão, e “Vou Festejar”, de Beth Carvalho — um gesto simbólico de leveza ao fim de um período marcado por intensos debates institucionais.
Com a saída de Barroso, o ministro Edson Fachin assume a presidência do STF no próximo dia 29 de setembro.