Além do fato dos chimpanzés serem nossos ancestrais, essas criaturas compartilham cerca de 99% de nosso DNA e tem comportamento, muitas vezes, bem parecido com os da nossa espécie. Por exemplo, pela primeira vez, chimpanzés selvagens foram flagrados compartilhando frutas alcoólicas.
Os registros fotográficos feitos pelos pesquisadores da Universidade de Exeter, do Reino Unido, através de câmeras instaladas no Parque Nacional de Cantanhez, na Guiné-Bissau, mostram esses animais compartilhando e comendo a fruta-pão africana fermentada, que é comprovado que contém álcool.
“Para os humanos, sabemos que beber álcool leva à liberação de dopamina e endorfinas, resultando em sentimentos de felicidade e relaxamento. Também sabemos que compartilhar álcool – inclusive por meio de tradições como banquetes – ajuda a formar e fortalecer laços sociais”, disse Anna Bowland, do Centro de Ecologia e Conservação do Penryn Campus de Exeter.
“Então, agora que sabemos que os chimpanzés selvagens estão comendo e compartilhando frutas etanólicas, a questão é: eles poderiam estar obtendo benefícios semelhantes?” continuou.
Chimpanzés compartilhando frutas alcoólicas
As câmeras, colocadas pelos pesquisadores, eram ativadas com movimento e filmaram os chimpanzés selvagens compartilhando frutas alcoólicas em 10 ocasiões diferentes. A fruta consumida teve análise do seu teor alcoólico e o nível mais alto foi o equivalente a 0,61% ABV (Álcool por Volume).
Teoricamente, esse percentual é bem baixo, mas levando em consideração que entre 60% e 85% da dieta desses animais é fruta, a taxa pode ser significativa. Contudo, os pesquisadores ressaltam que é pouco provável que os chimpanzés fiquem bêbados porque isso afetaria a sobrevivência deles.
“Os chimpanzés não compartilham comida o tempo todo, então, esse comportamento com frutas fermentadas pode ser importante. Precisamos descobrir se eles procuram, deliberadamente, frutas etanólicas e como as metabolizam. Esse comportamento pode ser o estágio evolutivo inicial do ‘banquete’ e, se for assim, isso sugere que a tradição humana de festejar pode ter origens profundas em nossa história evolutiva”, disse Kimberley Hockings, também da Universidade de Exeter.