TENSÃO: Entenda a disputa de território entre a Venezuela e Guiana

Conselho de Segurança da ONU se reúne nesta sexta-feira para discutir crise

TENSÃO: Entenda a disputa de território entre a Venezuela e Guiana

Foto: REUTERS/Leonardo Fernández Viloria Reuters

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As tensões entre os vizinhos Venezuela e Guiana aumentaram nas últimas semanas devido a uma longa disputa territorial.
 
Em questão está um território fronteiriço de 160 mil quilômetros quadrados em torno do rio Essequibo, que é principalmente uma área de selva, rica em petróleo e gás offshore.
 
Ambos os países reivindicam a propriedade do território, que é pouco povoado e cuja fronteira muito disputada foi acordada sob uma decisão de 1899, quando a Guiana ainda fazia parte do Império Britânico.
 
 
O que provocou a recente tensão?
 
A Venezuela voltou a reivindicar o território nos últimos anos após a descoberta de cerca de 11 bilhões de barris de petróleo e gás na costa da Guiana.
 
Caracas ganhou apoio em um referendo no fim de semana para criar um novo estado e o presidente Nicolás Maduro prometeu exploração de petróleo e mineração na área reivindicada.
 
Analistas e fontes em Caracas disseram que o referendo, no qual os eleitores também rejeitaram a jurisdição do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) sobre o caso, não se traduzirá em invasão real. Segundo os especialistas, é uma tentativa de Maduro de mostrar força e avaliar o apoio ao seu governo antes das eleições presidenciais de 2024.
 
 
Por que o território é tão importante?
 
Embora a área terrestre de Essequibo seja uma área pouco desenvolvida, houve grandes descobertas de petróleo e gás offshore nas proximidades nos últimos anos, colocando a Guiana no mapa mundial dos produtores de petróleo.
 
Um consórcio da Exxon Mobil, CNOOC da China e U.S. Hess iniciou a produção de petróleo na Guiana em 2019.
 
Atualmente o país produz cerca de 400 mil barris por dia e esse número deve subir para mais de 1 milhão até 2027. A produção impulsionou fortemente a economia da Guiana e promete uma enorme renda para o país nos próximos anos.
 
Embora a Venezuela esteja nas maiores reservas de petróleo bruto do mundo e também tenha depósitos maciços de gás natural, sua produção caiu significativamente nos últimos anos devido às sanções dos EUA, denúncias de corrupção e deterioração da infraestrutura interna.
 
Maduro disse na terça-feira (05), que vai autorizar a exploração de petróleo em Essequibo, com duas estatais criando divisões para a região em disputa.
 
O governo venezuelano disse que a Guiana não deve ser autorizada a conceder concessões em áreas oceânicas “a serem demarcadas”.
 
Não está totalmente claro quais áreas offshore Maduro está reivindicando para a Venezuela. Mas, ele já anunciou que todas as empresas que já operam na costa da Guiana têm três meses para sair.
 
A Exxon Mobil disse que as disputas de fronteira são para países e órgãos internacionais resolverem.
 
 
O que disse o Tribunal Internacional de Justiça?
 
A Guiana pediu ao Tribunal Internacional de Justiça barrar o referendo.
 
O tribunal não foi tão longe em uma decisão na semana passada, mas proibiu a Venezuela de tomar qualquer ação que mudaria o status do território.
 
Maduro disse repetidamente que o referendo é vinculativo, embora a votação tenha sido anteriormente referida por seu governo como “consultiva.”
 
 
Qual foi a resposta da Guiana?
 
A Guiana convocou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir a crise. O encontro acontece nesta sexta-feira (08).
 
As forças armadas do país estão em alerta máximo, disse o presidente Irfaan Ali. Ele afirmou que a Venezuela se declarou uma “nação fora da lei” e desrespeitou as ordens do TIJ.
 
Ali também procurou acalmar potenciais investidores, dizendo que a Guiana recebeu apoio de parceiros e da comunidade internacional.
 
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela disse nas redes sociais na quarta-feira (06) que falou com sua contraparte da Guiana sobre o que chamou de “mandato inapelável” da Venezuela.
 
O governo da Guiana questionou os números de participação dados pelo governo de Maduro para o referendo.
 
As autoridades eleitorais, no dia do referendo, informaram que 10,5 milhões de votos foram computados para o “sim”, que pedia pela anexação. Mas, mais tarde, o governo voltou atrás e disse que o número se referia ao total de eleitores. Testemunhas da Reuters viram vários locais de votação mal atendidos durante a votação.
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