OPINIÃO: Bolsonaro sobre assassinato: 'O que tenho a ver com esse episódio? Nada'

Presidente se irritou com jornalistas que questionaram sobre falas que incentivam violência e armamento

OPINIÃO: Bolsonaro sobre assassinato: 'O que tenho a ver com esse episódio? Nada'

Foto: Divulgação

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Minutos antes do início da cerimônia de recepção da presidente da Hungria, Katalin Novák, no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira (11), o presidente Jair Bolsonaro (PL) falou com a imprensa e foi questionado sobre o crime praticado por um apoiador em Foz do Iguaçu, no Paraná, na noite do sábado (9). 
 
"Ninguém sabe ainda. Chegaram vídeos para nós de antes do crime em si. O cara faz o boletim de ocorrência, diz ele que chegou gritando 'sou Bolsonaro'. Agora eu vi [inaudível] na Folha de São Paulo: 'Bolsonarista mata'... Quando o Adélio me esfaqueou ninguém falou que ele era filiado ao PSol. Ninguém falou", reclamou Bolsonaro. 
 
"O que que eu tenho a ver com esse episódio de Foz do Iguaçu? Nada. Somos contra qualquer ato de violência. Eu já sofri um dia isso na pele. A gente espera que não aconteça, obviamente. Tá polarizada a questão. Agora o histórico de violência não é do meu lado, é do lado de lá", acrescentou.
 
 
Na sequência, os jornalistas provocaram o presidente sobre falas recentes em que ele incentiva o armamento da população e defende que há uma "guerra do bem contra o mal", repetida no sábado, horas antes do crime, durante discurso de Bolsonaro na Marcha para Jesus, em São Paulo.
 
"Você acha que não existe guerra do bem contra o mal? Você é tão santo assim? Olha o que o lado de lá quer e o que o lado de cá quer. Pergunta pro Lula porque tem muito cachaceiro no Brasil, será que é por causa dele? Querem me criminalizar o tempo todo, como se eu fosse o responsável por ódio no Brasil", disse Bolsonaro.
 
Mais cedo, para apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro chamou de "briga de duas pessoas" o crime. O presidente não condenou o episódio, nem prestou solidariedade à vítima.
 
"Você viram o que aconteceu ontem, uma briga de duas pessoas lá em foz do Iguaçu. Bolsonarista, não sei o que lá. Agora, ninguém fala que o Adelio é filiado ao PSOL, ne?", disse Bolsonaro, em referência ao fato de Adélio Bispo, homem que o esfaqueou em 2018 ter tido uma antiga filiação ao partido de esquerda.
 
Quem era o policial penal que matou o guarda municipal petista?
 
O policial penal Jorge José da Rocha Guaranho, que invadiu a festa do guarda municipal Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu, e atirou contra ele, dizia em suas redes sociais que "arma é igual a defesa". Bolsonarista, ele atirou contra o guarda que fazia uma festa com temática petista. Antes de morrer, Arruda também disparou.
 
Jorge Guaranho atua no presídio de Catanduvas, no Oeste do Paraná. Em suas redes ele se declara como conservador e cristão, faz defesas do presidente Jair Bolsonaro e enfatiza que considera "armas = defesa", que é contra o aborto e as drogas. Em 2018, ele publicou uma foto ao lado do filho de Bolsonaro e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). 
 
 
Relembre o crime praticado por bolsonarista em Foz do Iguaçu
 
 
O guarda municipal Marcelo Arruda comemorava o aniversário de 50 anos em uma festa com temática petista e com imagens de Lula, reservada para amigos e familiares, na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresfi), quando o local foi invadido pelo policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho.
 
Conforme o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil do Paraná, as testemunhas contaram que Guaranho era desconhecido de todos e não foi convidado. Ele chegou ao local em um carro e saiu do veículo armado gritando "aqui é Bolsonaro" e "mito", intimidando os convidados da festa, mesmo acompanhado da esposa e de uma criança de colo. 
 
A esposa de Arruda se identificou como policial civil e mostrou o distintivo, o que convenceu Guaranho a ir embora, mas ele retornou à festa sozinho depois de 20 minutos. Sempre armado, Guaranho chegou ao local já atirando.
 
Desconfiado de que o policial penal voltaria, Arruda resolveu pegar a própria arma. Quando Guaranho chegou, o guarda municipal foi atingido com dois tiros.
 
Já ferido e também armado, o guarda municipal se defendeu e acertou o policial com pelo menos três tiros, ainda segundo o boletim de ocorrência. A esposa de Arruda relatou o pânico entre os convidados e o terror do episódio.
 
Os dois foram socorridos e encaminhados ao Hospital Municipal Padre Germano Lauck. A imprensa local informou que o hospital confirma que Guaranho também morreu.
 
Porém, a Polícia Civil, que havia confirmado a morte, retificou a informação e diz, agora, que ele está vivo e sob custódia, em estado grave, na unidade de saúde. O hospital local diz que só presta informações pessoalmente. 
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