“Protestos" contra Dilma chegam ao Waze e fóruns de videogame
Foto: Divulgação
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A cena: meio da manhã de quinta-feira, e uma pessoa na Rua Oscar Freire saca o celular, abre o Waze e escreve: “Fora Dilma”. Seria fácil fazer troça do cidadão, e dizer que o Waze agora é a nova “varanda gourmet”. Poderia aqui criar aquele cenário de briga de classes, que é a elite querendo o impeachment ou o que seja. Afinal, se a pessoa tem carro, smartphone e Waze, ela deve estar em um estrato mais alto da sociedade.
Mas a coisa é um pouco mais complicada. Passeando pelos balões de conversa do app, avistei “manifestações” em São Bernardo, berço político do PT. E a favor e contra Dilma, perto do Centro. As ruas serão palco de confrontos (esperamos que apenas) ideológicos nos próximos dias. Enquanto as pessoas não marcham à pé pelas suas causas, o fazem dentro do carro, esperando o semáforo abrir.
É claro que, com um punhado de balõezinhos, não dá pra configurar uma “onda de protestos” no Waze. Mas essas micromanifestações mostram não uma briga de classes, como algumas pessoas que gostam de simplificações adorariam. Mas sim, que a discussão política tomou conta de absolutamente todos os cantos do país, e por consequência da “internet”, mesmo em lugares que claramente não foram pensados para esse tipo de conversa. Pegue o Fórum UOL Jogos, o maior lugar para se discutir videogames do Brasil. No tópico sobre o Petrolão há, no momento em que escrevo, 4.325 páginas de conversas, mais de 1 milhão de visualizações. Significativamente mais do que qualquer discussão de jogo recente.
E eu vejo isso aqui também. Este é um blog (primordialmente) sobre tecnologia, mas mesmo assim há vários posts em que a discussão política, normalmente em forma de “fora Dilma” e coisas parecidas, dominam a pauta, mesmo que o assunto não tenha, a princípio, qualquer coisa a ver.
E, não que minha opinião valha de algo, também acho que há 850 mil motivos para criticá-la, ir para a rua e achar que a última campanha do PT foi das coisas mais terríveis para a democracia em muitos anos. Dentro dos limites de civilidade, apoio todos os protestos.
Mas toda vez que vejo manifestações eu me pergunto qual é o sentido. Alguém arregimenta mais gente para a causa? Alguém chega ao fim de um post sobre o novo Apple Watch querendo ver manifestações contra o governo, ou querendo entender porque a culpa é do PT para o dólar estar nas alturas? Ou em vídeos de humor no Youtube? Especialmente quando são pessoas estranhas, atrás de nicks esquisitos, protestando?
São perguntas retóricas. A resposta, pra mim, é não. E, veja, não sou dessas pessoas que acha que revolução só se faz mesmo “Indo pra rua”, ou que simplifica tudo com o “é só votar bem”, quando a gente sabe que o sistema deixa o indivíduo com muito pouco poder frente a uma população sem educação política. A questão é que não há diálogo, só gritaria, cheia de bordões, frases de efeito, mas sem qualquer efeito prático.
Será que é possível não apenas “discutir política” em fóruns anônimos, mas fazer pessoas mudarem de opinião, arregimentar mais gente para a causa? Será que há lugares melhores que os outros na rede para fazer alguma mudança política de fato? São perguntas honestas. Eu efetivamente não sei. Mas tendo a acreditar que o Waze não é o melhor lugar para se começar uma revolução.
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