Cinema alerta em ingresso sexo gay de filme nacional

As cenas estão se tornando o principal assunto do filme, que tem classificação etária de 14 anos.

Cinema alerta em ingresso sexo gay de filme nacional

Foto: Divulgação

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Ao lançar "Praia do futuro" no Festival de Berlim, em fevereiro, Wagner Moura tentou se esquivar das perguntas sobre as cenas de sexo entre seu personagem e o do ator alemão Clemens Schick. "Temos que ter responsabilidade de não fazer isso virar um assunto. É preciso ver essa relação entre eles com naturalidade", disse ele, à época. Não adiantou. As cenas estão se tornando o principal assunto do filme, que tem classificação etária de 14 anos.

Em Niterói, no Cinemark do Plaza Shopping, cerca de 40 pessoas saíram no meio de uma sessão (domingo, às 21h) do novo filme de Karim Aïnouz, conforme adiantou o colunista do GLOBO Ancelmo Gois. Em Aracaju, uma cena parecida: após clientes pedirem o reembolso do ingresso sentindo-se insatisfeitos com o que viram, uma unidade também da rede Cinemark passou a fazer o alerta nas bilheterias. Há relatos parecidos em São Luís, em que clientes saíram de uma sessão reclamando não terem ido ao cinema "para ver aquilo".

Procurado pelo GLOBO, Aïnouz comentou a polêmica.

— Acho que é uma rejeição bem pequena. Se contarmos que no primeiro fim de semana em cartaz fizemos mais de 40 mil espectadores, a rejeição é quase insignificante. No entanto, se há alguma rejeição, ela somente marca a temperatura da homofobia no público que frequenta o nosso cinema. Ficamos tristes com esse tipo de reação porque a intolerância e o preconceito são manifestações muito tristes da alma humana - e elas em geral são frutos da ignorância, assim como o fascismo e o racismo, mas é muito positivo que o nosso filme venha pra fazer avançar este debate, e quem sabe, promover mais tolerância e respeito às diferenças.

Já em João Pessoa, o professor de turismo e administrador de empresas Iarlley Araujo, de 34 anos, que foi assistir ao filme numa sala da rede Cinépolis, foi alertado pelo atendente sobre as "cenas de sexo homossexual". "Senhor, tem certeza de que deseja ver esse filme?", teria perguntado o funcionário, de acordo com o post publicado por Iarlley Araujo no Instagram, em que compartilha uma imagem com o carimbo de "avisado" no ingresso do filme. Mas, segundo a empresa, tudo não passa de um mal entendido.

— A utilização do carimbo 'avisado' faz parte da política da Cinépolis para notificar o usuário da obrigação de apresentar a carteira de estudante para comprovar o direito à meia-entrada... O evento ocorrido não reflete em nenhum momento a cultura e os valores da Cinépolis Brasil... e não tem o objetivo de notificar o espectador sobre o conteúdo e cenas contidas nos filmes. Além disso, todas as medidas para que tal questão não ocorra no futuro foram tomadas — diz Paulo Pereira, Diretor de Marketing e Programação do Cinépolis Brasil.

Funcionária diz que alerta sobre sinopse na bilheteria

Porém, segundo uma funcionária do Cinépolis de João Pessoa, que pediu para não ser identificada, o aviso sobre o teor dos filmes na bilheteria faz parte da política da rede de cinemas:

— Este é um procedimento da empresa para todo o país. Avisamos na bilheteria a cada cliente sobre a sinopse do filme. E esse tem uma questão de gênero, tem imagens fortes.

Em entrevista por telefone, Iarlley contou sua versão.

— O funcionário me contou que muita gente havia deixado a exibição do filme. Esse carimbo foi apenas por causa das cenas de sexo homossexual. Fiquei surpreso e sem ação. Por que não alertam quando há violência, sexo entre heterossexuais ou mutilação? — ponderou.

Em entrevista ao GLOBO, a produtora de "Praia do Futuro", Geórgia Costa, disse ter procurado os distribuidores e exibidores do filme, preocupada com a prática de avisos sobre o conteúdo do filme antes das sessões.

— As redes de cinema negaram que houvesse qualquer tipo de aviso sobre o filme, e que o que vale é a classificação indicativa. De fato, pode ter havido iniciativas individuais e pontuais de alguns funcionários locais, por causa das reações de alguns espectadores. Mas os cinemas garantiram que eles estão sendo orientados para não dar nenhum tipo de aviso prévio sobre o filme — conta, reforçando o valor positivo da polêmica. — Esta história está provocando uma adesão muito positiva de um público engajado, determinado a defender o filme e a liberdade de expressão, reagindo contra qualquer faísca, ou mesmo atitudes homofóbicas.

O longa-metragem foi o único a representar o Brasil na competição oficial de Berlim este ano, mas não recebeu nenhum prêmio. No filme, Wagner Moura interpreta Donato, um salva-vidas que muda completamente sua vida após salvar o turista alemão Konrad.

 

 

 

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