Acre - Bolivianos boicotam venda de plantas medicinais e estão recusando até o Real
*Um dos raizeiros mais conhecidos da Amazônia, Raimundo Nonato de Oliveira da Silva, Dr. Raiz, está preocupado. Há cerca de 18 anos trabalhando no tratamento de doenças como gastrite, cólicas, hemorróidas, ameba, hepatite e os mais variados tipos de câncer, entre as milhares de plantas medicinais que utiliza em suas consultas, ele sempre contou com um de seus principais aliados da natureza: o sangue de dragão, como é popularmente conhecido o vinho da espécie Dracaena draco, na floresta amazônica, conhecido mundialmente como "líquido milagroso".
*Nos últimos dias, Dr. Raiz tem enfrentado obstáculos para adquirir o produto. Na sexta-feira passada teve que dormir uma noite no município de Brasiléia, já que o sangue de dragão é comprado na feira boli-viana da cidade de Cobija. A região tem mais abundância do vinho que o Brasil, e é vendido para os acreanos no mercado livre de Pando. A dificuldade de comprar o produto e a frieza de tratamento foi sentida pelo médico alternativo de imediato. Em seguida veio outro problema: a negativa de alguns comerciantes bolivianos para aceitar a moeda brasileira, o Real.
*Dr. Raiz reclama da mudança ocorrida nos últimos dias no relacionamento entre acreanos e bolivianos, devido a forma ríspida como o presidente da Bolívia, Evo Morales, vem se referindo ao Brasil. "Eu receio que nós fiquemos sem o Sangue de Dragão para tratar várias doenças no Acre. Essa é uma situação complicada e que nos deixa entristecido devido ao relacionamento de irmandade que temos com os bolivianos", disse.
*Ele teme, principalmente, que o produto desapareça das prateleiras das farmácias de medicina alternativa do Acre, estendendo a escassez a outros estados e países consumidores do medicamento natural.
*Atualmente o Sangue de Dragão é exportado para vá-rios estados brasileiros. Ele sai do Acre para São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Salvador e países como Espanha e Estados Unidos. "A procura por esse medicamento é tão grande que existem e-mails de outros países e estados brasileiros que até hoje não consegui atender a demanda", disse Dr. Raiz, que contabiliza uma média de 250 garrafas vendidas mensalmente pelo preço de R$ 125,00.
*O Sangue de Dragão é coletado por seringueiros brasileiros que moram na Bolívia e também por bolivianos. Este ano a Reserva Chico Mendes iniciou um trabalho em grupo para retirada e análise do produto.