Gesto esquecido

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O primeiro gesto de Itamar Franco (já falecido), ao receber o cargo de presidente da República, foi entregar ao presidente do Congresso sua declaração de bens. Ainda que se não tratasse mais do que o cumprimento de uma determinação constitucional, o ato tornou-se um diferencial em relação a outros tempos.

 

Iniciava-se ali o que parecia ser um novo costume a compor as cerimônias de posses em cargos públicos. A entrega da declaração de bens da autoridade empossada repetiu-se em várias capitais, envolvendo prefeitos e vereadores.

 

Mas, como os bons exemplos, neste país, acabam quase sempre na vala comum do esquecimento, o gesto do ex-presidente mineiro ficou no passado. Nos dias que correm muito se tem comentado a respeito do enriquecimento ilícito a que se entregaram políticos e autoridades da República, como vem revelando a Operação Lava Jato. Alguns, como o ex-presidente Lula, e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, estão vendo o sol nascer quadrado. Outros, como os senadores Aécio Neves, Romero Jucá, Renan Calheiros, dentre outras figurinhas carimbadas da malandragem política, seguem o mesmo destino.

 

Não é nenhum exagero imaginar, que muita gente obscura, sem qualificação profissional ou talentos que lhe assegure a constituição de patrimônio econômico apreciável, acaba por ingressar na política com a única e exclusiva intenção de amealhar fortuna. Os exemplos, aqui mesmo em Rondônia, tem dado razão a muitos dos que assim pensam. O individuo apareceu por essas bandas do Norte arrastando uma cachorrinha. Entrou na política e, como que num passe de mágica, conseguiu construir um patrimônio invejável. E ainda aparece na televisão arrostando honestidade e criticando a corrupção.

 

O fato do enriquecimento em si, contudo, não é o que torna o Brasil um país diferente da grande maioria das nações ditas civilizadas. Ocorre que, aqui, mais que em outras latitudes do planeta, a impunidade, gerada pela tolerância dos cidadãos honestos e a lentidão do judiciário, transformam-se em fator estimulador da ilicitude. É um absurdo que o politico que foi condenado em 2013, por crimes cometidos entre 1988 e 2002, quando foi prefeito de uma cidade, continue solto.

 

Como se sabe, a apresentação da declaração de bens, que atinge todos os ocupantes de funções e cargos públicos em qualquer escalão da administração, é mandamento constitucional. Por isso, não deveria merecer mais que o registro. Acontece que, em meio à sucessão de bandalheiras e ao envolvimento nelas de muitos dos que têm ocupado, ocupam ou ocuparão postos – eleitos ou não – em um dos poderes republicanos, o gesto de Itamar Franco e sua repetição em outras esferas de poder simbolizou um marco positivo na sociedade, mas que acabou esquecido.

 

 

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