A sopa de letrinhas que consome milhões de reais dos cofres públicos

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O Brasil lidera o ranking internacional dos países com o maior número de partidos políticos. São mais de trinta. Argentina tem sete; Alemanha seis; México quatro; e Estados Unidos, dois. Essa espantosa quantidade de siglas partidárias que povoa a constelação da política nacional configura um traço do nosso atraso político e um dos entraves a uma rapidez maior na apuração dos votos, além de consumir um extraordinário volume de recursos, que sai dos bolsos dos contribuintes para engordar o fundo partidário e renúncias fiscais para bancar a propaganda eleitoral na televisão e no rádio.  

 

Muitos políticos enchem a boca para defender a reforma da previdência, como a panaceia para todos os males do setor, quando, na verdade, os problemas que corroem as entranhas do sistema são sobejamente conhecidos da sociedade, mas poucos são os que têm coragem e disposição para levantar a bandeira da reforma eleitoral, que reduza essa quantidade desmesurada de grupos de pessoas que se juntam e, pelas brechas de uma legislação repleta de facilidades, rapidamente criam um novo partido.

 

Dificuldades outras decorrentes dessa conduta são expressivas e estão à vista de todos. Quando não se trata de uma sigla de aluguel, isto é, de um partido sem a menor expressão, criado com a única e exclusiva facilidade de negociar vagas em suas chapas nas disputas eleitorais, transforma-se igualmente em um agrupamento sem a menor importância politica, acrescentando que algumas agremiações são constituídas apenas pela vaidade delirante daqueles que desejam desfrutar dos privilégios concedidos aos chamados dirigentes partidários, que usam as siglas como moeda de troca para abocanharem cargos e contratos na administração pública, para si e seus apaniguados.

 

A reforma eleitoral já esteve incluída nos programas de governo de muitos daqueles que passaram pelo Palácio do Planalto, mas ninguém se aventurou a mergulhar fundo nesse pântano. A medida ficou nos planos, falada e decantada. O Brasil é um país movido a galões de otimismo. No momento em que se cogita da melhoria dos costumes políticos nacionais, a reforma sai da gaveta, porém logo retorna à posição inicial, reaparecendo sempre que surge um ponto de interesses entre as chamadas lideranças partidárias. Enquanto isso a sopra de letrinhas vai consumindo milhões de reais dos cofres públicos.

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