Beradeiros e beradeiras do Berço do Madeira, existe chateação maior do que perder todos os documentos pessoais? Existe, é quando o sujeito se senta no vaso sanitário e só se dá conta que não tem papel higiênico quando termina o serviço.
E existe outra pior ainda, é quando o sujeito descobre que além da falta de papel, não tem ninguém em casa que possa lhe socorrer.
A situação pode piorar mais ainda beradeiros e beradeiras, é quando falta papel higiênico, o sujeito está sozinho, e ele descobre aperreado que a água do chuveiro acabou. Resta-lhe como tábua de salvação a milagrosa cueca, e seu destino ignorado após o uso providencial.
- Por ora chega de cuecas perdidas e voltemos aos documentos cagados. Me desculpem, é o contrário criatura: cuecas cagadas e documentos perdidos. Em resumo beradeiros e beradeiras, perder os documentos é literalmente uma cagada e das grandes.
Após esse cagaço introdutório, vamos ao episódio de hoje. O fato é por demais inusitado e folclórico. O sujeito do caso do vaso sanitário é o mesmo que agora está impaciente na delegacia, sentado numa cadeira ensebada aguardando o agente de plantão para iniciar os trâmites para obter a segunda via dos documentos pessoais.
- É uma aporrinhação sem tamanho.
- Vamos abreviar prolixo cronista, seus leitores e leitoras se amofinam com narrativas longas, entenda criatura, vivemos na época da síndrome do pensamento acelerado, então acelere.
Inconformado, o sujeito do vaso sanitário se submeteu pacientemente às recomendações de praxe na delegacia.
Esse mesmo agente, ao final do expediente foi designado pelo delegado para comandar durante a noite uma barreira policial conjunta com a polícia militar na ponte do Ribeirão, onde veículos e pessoas seriam abordados em busca das mais diversas irregularidades.
Pois bem leitores e leitoras, o tal do agente abordou uma criatura com ares de desocupada que viajava sem destino de carona na carroceria de um caminhão de tora, levando uma boroca e duas carteiras porta documentos, uma em cada bolso da bermuda.
De uma das carteiras a criatura retirou seus documentos pessoais e entregou ao agente, que após uma análise atenta e silenciosa não constatou nenhuma irregularidade aparente. Perguntado sobre a outra carteira, a criatura titubeou e disse que a encontrara caída em um posto de gasolina na entrada do Berço do Madeira.
O agente pacientemente verificou a carteira muito suja de barro e surpreso, reconheceu que tais documentos eram justamente do sujeito que registrara a ocorrência no início da manhã.
Ao perceber a coincidência dos fatos o agente pensou com seus botões: Eita sujeito cagado de sorte.
A criatura abordada na barreira foi conduzida para a delegacia para maiores explicações, e o sujeito do vaso sanitário ao ser informado do achado, muito eufórico e agradecido pensou consigo mesmo:
- É uma cagada atrás da outra e ficou branco de alegria.
Esse Erivaldo Barbosa é mesmo um sujeito de sorte, e sorridente como de costume, ele entrou na Santana Modas e se dirigiu à sessão de cuecas da loja.
Simon O. dos Santos - Cronista