Querido leitor e querida leitora! Essa crônica será curta e rasa, esculpida com pouca argamassa e tinta rala. Mas, soará como um alerta. Ficai atentos beradeiros e beradeiras!
Em nome do progresso, drones com seus ventres encharcados de pesticidas proibidos em várias partes do mundo estão sobrevoando silenciosamente o Berço do Madeira.
Observem as flores de seus jardins, as árvores do pomar, algumas delas começam a gangrenar. Os abacateiros são os mais frágeis, perdem a folhagem em poucas horas após o contato com o veneno que desce dos céus em camadas incolores.
Bom! É só uma terrível constatação. Esse cronista, um atento observador dos principais acontecimentos que ocorrem nas bordas do Berço do Madeira, não pecará por omissão.
Mas, deixemos de admoestações exageradas e cuidemos do propósito dessa crônica, embora tudo esteja interligado feito uma engrenagem que se retroalimenta ad aeternum.
Beradeiros e beradeiras do Berço do Madeira! O Igarapé Lage, nossa mais preciosa fonte de água é denominada pelos povos originários que habitam suas cabeceiras nas serras do Parque Estadual Guajará-Mirim, de “Komi-Memen”.
Na língua Wari Oro Mon, desses povos originários, o termo “Komi-Memen”, significa “água de frutas”. Todas as vezes que ingerimos a água do Igarapé Lage, estamos na verdade beradeiros e beradeiras, ingerindo água de frutas, não é uma benção, uma dádiva, uma oferenda?
A pergunta que deveria nos instigar beradeiros e beradeiras é: Com esses seres alados e silenciosos pulverizando o Berço do Madeira, até quando beberemos água de frutas?
O Igarapé Lage é um ser vivo e parece que agoniza, foi o que constatei ao caminhar pelo seu leito a partir da ponte da BR-425, até sua foz no rio Mamoré.
Há sinais beradeiros e beradeiras e parece que o tiro de misericórdia virá dos céus através de objetos teleguiados grávidos de agrotóxicos.
Os abacateiros foram as primeiras vítimas. Uma pergunta final beradeiros e beradeiras: Vocês sabem durante quanto tempo o ‘agente laranja” continuará contaminando o solo e as fontes d’água do Berço do Madeira? Quando começarem a sentir dor de cabeça, moleza no corpo, enjoos e irritação na pele, reflitam sobre o assunto.
Simon O. dos Santos - Cronista