Foto: Divulgação
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A primeira vez vez em que vi Liam Neeson no cinema, seu personagem era um mendigo mudo acusado de assassinato no drama de tribunal "Sob suspeita". Depois, em um papel maior, o excelente "A missão", contracenando com pesos pesados como Robert De Niro e Jeremy Irons, protagonistas do longa de Rolland Joffe.
De lá para cá, Neeson conquistou o estrelado com suas performances em filmes de varios gêneros, entre eles, drama histórico "Michael Collins", de Neal Jordan, super herói atormentado de "Darkman, vingança sem rosto", de Sam Raimi, o drama de época "Gangues de Nova York", dirigido por Martin Scorsese, com trabalhou depois no épico religioso "Silêncio", isso sem falar em "A Lista de Schindler", de Steven Spielberg, até entrar definitivamente para o rol dos filmes de ação com "Busca Implacável", sucesso estrondoso, que rendeu duas continuações e uma série de curta duração mostrando o personagem de Neeson mais jovem. Foram produzidas apenas duas temporadas e foi cancelada.
Com mais de 70 anos e uma duzia ou mais de filmes de ação, Neeson declarou que vai se aposentar do gênero, pois a idade está pesando. Na verdade, dá para notar isso em "Busca Implacável 3", no qual o diretor utiliza dublês nas cenas de ação mais difíceis. Nada demais, no entanto, o astro, em seu ponto de vista, se sente ridículo dando bordoadas sem fim em bandidos e vilões cada vez mais jovens.
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Por falar em deixar os filmes de pancadaria e tiroteios, acaba de estrear o trabalho mais recente do ator. "Último Alvo", do cineasta Hans Petter Moland, o mesmo do longa anterior de Neeson, "Vingança à sangue frio", no qual interpreta um guarda-costas com mais de 30 anos de serviços prestados para um mafioso local vivido por Ron Perlman, em papel mínimo na história.
Mesmo que o trailer venda "Último Alvo" como filme de ação, a produção está mais um drama. Talvez isso tenha decepcionado alguns espectadores e críticos, que detonaram o longa. Longe de ser uma grande história, o enredo traz o velho clichê do bandido que envelheceu e doente, precisa se redimir junto à família, que abandonou há alguns anos. Neste caso, a situação é um pouco pior, porque o personagem de Neeson descobre ter uma doença incurável chamada Encefalopatia traumática crônica (ETC), um distúrbio cerebral degenerativo causado por impactos repetidos na cabeça. Afeta principalmente atletas que praticam esportes de contato, mas também pode afetar militares.
Em linhas gerais são esses aspectos que Hans Petter explora durante as quase duas horas de filme. Tenta mostrar o quanto a vida do capanga é vazia e solitária, inclusive abusando de cenas sombrias e de sonhos. Para piorar, sua memória começa a atrapalhar seu trabalho e o chefe resolve dispensar o antigo parceiro.
O roteiro é assinado por Tony Gayton (Inferno Sobre Rodas), por isso não se deve esperar tanta profundidade, no entanto, o diretor até consegue em alguns momentos capazes de salvar o longa da mesmice. O diretor faz o público seguir a trama criminosa enquanto apresenta os desenvolvimentos paralelos da vida pessoal do guarda-costas, como sua tentativa de se reaproximar da filha, o romance interracial, os conflitos com o filho do chefe, que quer assumir os negócios e o detesta, e até o envolvimento com o intuito de ajudar moças vítimas de tráfico humano e exploradas como prostitutas, cujo desenlace marca a última parte do enredo.
Ansioso por se afastar da imagem de astro invulnerável de ação, Liam Neeson faz de tudo para expor a vulnerabilidade física e emocional do fim da vida de um homem violento, que se vê em situação extrema e irreversível. O longa, apesar dos altos e baixos, com o perdão do trocadilho, não acerta completamente o alvo, mas está longe de ser ruim. Neeson, mais uma vez demonstra que ainda tem lenha para queimar.
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