Três vezes Truffaut - por Humberto Oliveira

Três vezes Truffaut - por Humberto Oliveira

Foto: Divulgação

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Antes de estrear atrás das câmeras, o cineasta François Truffaut era crítico de cinema e apadrinhado de André Bazin, seu mentor e para quem dedicou seu primeiro longa metragem "Os Incompreendidos". Infelizmente, Bazin faleceu antes da estreia do filme. 
 
Truffaut foi um dos artífices da icônica Cadernos de Cinema e da chamada Nouvelle Vague francesa junto com Jean-Luc Godard, entre outros. Realizou produções importantes, por exemplo, "A Noite Americana", uma carta de amor ao cinema, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro. 



 
 
O foco aqui são os textos escritos por Truffaut enquanto crítico, ensaísta e entrevistador. A editora Nova Fronteira lançou nos anos 1990 dois excelentes livros do diretor. "Os filmes de minha vida", que traz críticas publicadas nos Cadernos de Cinema abordando, não apenas seus filmes e diretores preferidos, mas análises bem fundamentadas e escritas por profundo conhecedor da arte cinematográfica. Truffaut foi um crítico implacável e imparcial. Ler seus escritos é como participar de uma de cinema. 
 
O outro excelente livro "O cinema segundo François Truffaut", com material reunido pela jornalista Annie Gillain. Nesta obra, a autora apresenta entrevistas do diretor falando dos seus filmes, do primeiro curta metragem até seu último trabalho, o triller no estilo de Alfred Hitchcock, "De repente, num domingo". Ele havia emulado o mestre anos antes no suspense sobre vingança "A noiva estava de preto". 
 
 
É no mínimo esclarecedor a forma aberta e sincera como o diretor de "Uma mulher para dois" e "O último metrô", conta em detalhes seu processo criativo, aliás nunca igual, pois ao encerrar um projeto, ele buscava outra maneira de desenvolver a produção seguinte, que poderia a adaptação de uma obra literária ou uma ideia original e por aí vai. O interessante, ao longo dos depoimentos, é que Truffaut fala de erros e acertos na carreira com a mesma paixão. 
 
Por falar em Alfred Hitchcock, o terceiro livro aqui em fogo, é o sensacional Hitchcock/Truffaut Entrevistas. Um livro de referência para os cinéfilos fãs dos dois diretores. Truffaut conseguiu com que o mestre do suspense contasse detalhes de bastidores da realização de todos os seus longas metragens, desde os mudos da fase inglesa passando pela fase norte-americana até seu último "Trama macabra". 
 
Nesta edição definitiva lançada pela Companhia das Letras, o leitor faz uma imersão na obra de Hitchcock e descobre como foram realizadas cenas icônicas da história do cinema. O assassinato de Marion Crane em "Psicose", Cary Grant perseguido por um avião em "Intriga Internacional", as sequências assustadoras dos ataques em "Os Pássaros", a cena final de "O homem que sabia demais", as filmagens de obras primas como "Janela Indiscreta", "Um corpo que cai", "Pacto Sinistro", e tantos outros momentos inesquecíveis criados por Hitchcock ao longo de mais de 50 filmes. 
 
São três livros, no meu ponto de vista, essenciais para quem quer conhecer mais sobre grandes filmes e diretores talentosos, criativos e geniais que elevaram o cinema à condição de arte e não mero entretenimento e têm seus nomes inscritos no Olimpo dos deuses da história do cinema.
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