A ideia de arrumar as malas e partir sem destino pode parecer um sonho para muitos, mas existe um termo específico para esse impulso: dromomania. A palavra vem do grego dromos (corrida) e mania (obsessão) e foi usada pela psiquiatria entre o final do século XIX e início do XX para descrever casos considerados extremos de deslocamentos compulsivos.
O exemplo mais conhecido é o do francês Jean-Albert Dadas, figura enigmática da medicina da época. Ele ficou famoso por atravessar fronteiras e percorrer longas distâncias sem recordar como havia chegado aos locais onde era encontrado. Seu caso se tornou referência nos estudos sobre transtornos dissociativos e comportamentos impulsivos relacionados ao deslocamento.
Com o tempo, porém, a dromomania deixou de ser vista como diagnóstico clínico e passou a ganhar um uso muito mais leve no cotidiano. Hoje, o termo costuma se referir àquela vontade constante de pegar a estrada, explorar novas paisagens e sair da rotina — sem necessariamente indicar qualquer problema psicológico.
Para muitos, a “dromomania moderna” representa uma forma de liberdade, de busca por experiências e de conexão com o mundo. Uma expressão cultural que ganha força especialmente em tempos de facilidade de acesso a viagens, turismo digital e estilos de vida que valorizam mobilidade e descoberta.
Embora o termo tenha raízes médicas, seu significado atual se aproxima mais de um traço de personalidade ou de um estilo de vida do que de uma condição de saúde. E, para quem sente o chamado da estrada, a dromomania se tornou quase um elogio: a marca de quem nasceu para ir longe.