Para ele, Igrejas não devem entrar na política, mas cidadãos tem que participar
Foto: Divulgação
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Em entrevista ao jornalista Ivan Frazão, no programa Conexão Rondoniaovivo, na segunda-feira (11), o pastor, psicólogo e professor Aluízio Vidal falou um pouco sobre política e religião.
“Todo o cidadão é um político. E todo o grupo organizado também é político, por se calar. Nós temos um grupo nosso no meio religioso, que são as Testemunhas de Jeová ou a Congregação Cristã do Brasil, onde eles se propõem a não ter nenhuma atuação político-partidária. Isso é uma atuação política. Seja de atuar ou não atuar".
Para ele, as igrejas não devem participar de campanhas eleitorais, mas seus membros podem.
“Todas as vezes que a instituição se envolveu com o poder, tomou prejuízo no final. Ela atrapalhou muitas vezes e se atrapalhou sempre. Para mim, a instituição Igreja não deveria se meter com política. Mas o cidadão cristão deveria sim e deve participar da política. Porém, sem se utilizar da religião como instrumento de discurso político”, disse Vidal.
Estado e religiosidade
Para Aluízio Vidal, o Estado deve ser laico, mas não deve ignorar a diversidade de religiões que existem no Brasil, do Cristianismo ao Candomblé.
“Religião e política devem conviver, as pessoas como indivíduos devem participar, mas elas não devem ter um olhar religioso sobre a atuação secular e elas têm que separar até para que a instituição tenha esse espaço político, que é muito diferente do religioso. Se a gente como espaço religioso vai atuar no político, não faz bem feito e eu sou a prova disso. O Estado tem que ser laico, mas não pode ser antirreligioso. Temos que respeitar a pluralidade religiosa do país”.
Família x posicionamento político
Para o pastor e professor universitário, as famílias devem se unir mais em torno do amor e da convivência pacífica. E não em nome de políticos.
“A instituição mais forte de uma sociedade é a família. Mas quando elas entram nesse jogo político, elas não têm a noção de tudo o que existe nesse jogo político. Desde o extremismo, que propõe matar, cá e acolá. Hoje existem mais de 500 células de Direita, só para alimentar esse extremismo. A sociedade às vezes não sabe que isso existe. Aí tem os interesses de grandes grupos internacionais e interesses locais nas questões políticas”.
Vidal ainda destaca que muita gente prefere colocar os interesses pessoas à frente das pessoas mais próximas.
“Tem pessoas que manipulam até a mãe para assumir interesses políticos. Elas brigam com uma aqui, tomam café com um cedo e com outro depois. E aí nós ficamos aqui como família, sendo manipulados por esse jogo de mídia, e queremos brigar com pessoas que são fundamentais na nossa existência, que não tem importância nenhuma para o grande poder. São briguinhas para ver mais quem tem razão do que para fazer a diferença. É mais Flamengo e Corinthians, briga de torcidas”.
Aluízio Vidal em entrevista ao jornalista Ivan Frazão; ele falou principalmente da relação entre política e religião, além da intolerância e brigas/mortes envolvendo posicionamentos ideológicos - Foto: Reprodução
Para quem já foi candidato à diversos cargos, o ideal é colocar sempre a família à frente das discussões políticas.
“Existem algumas realidades da nossa vida que são importantes do que outras. A política tem uma importância grande. Mas a amizade e a familiaridade são mais importantes do que o posicionamento político daquele membro”, pontuou Vidal.
E muitas vezes, é melhor ter paz do que ter razão, mesmo com amigos antigos, de duas décadas.
“Um dos melhores amigos que tenho aqui é santista. E para ele, todas as vezes que o time ganha, é porquê é muito bom. Todas as vezes que perde é porquê o juiz roubou ou algo do gênero. A gente brincava sobre isso e provocava. Até que ele perdeu a paciência. Ele falou duro e eu tomei uma decisão. Já tem 20 anos e nunca mais tratei desse tema com ele. Muito menos brincaria sobre isso. Para ele, time de futebol é um pedaço dele”, explicou ele.
Violência
O pastor aproveitou a oportunidade para comentar a morte do guarda municipal de Foz do Iguaçu, que seria petista, e foi morto por um bolsonarista declarado, no último final de semana, na própria festa de aniversário.
“Eu não tenho dúvida de que não acontecerão outras mortes. Se os líderes políticos não tomarem um posicionamento, assumirem isso como algo contrário para o processo político brasileiro, vão acontecer outras mortes. Apesar de existirem outras ‘mortes’. Quando uma família racha por causa de política, é um tipo de morte”.
Aluízio Vidal acredita que se nada for feito, outras pessoas irão perder a vida. Para ele, o importante é promover a educação política, exaltando o respeito entre as diferenças.
“Esse tipo de morte que tivemos no final de semana, terão outras. Só lembrar que tivemos no Japão a morte de um líder respeitadíssimo, por uma pessoa que era alimentada por um grupo de extrema Direita. São contrários à posição que o Japão tomou depois da Segunda Guerra. Existem doentes dos dois lados, psicológicos. Não estão sendo tratados, mas estão no mercado, nas ruas. Temos os extremados dos dois lados, que não são doentes, mas extremados. Eu penso que o Brasil ainda precisa ser muito educado politicamente”.
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