Ser ou Não Ser, Eis o Dilema do PMDB - Por Valdemir Caldas
Foto: Divulgação
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Segundo o ministro, a tesourada faz parte do processo de reestruturação da estatal. E não há como recuar. É um caminho que não tem volta. Entre os partidos da base aliada, o PMDB (agremiação à qual o ministro é filiado) foi quem mais perdeu postos na empresa. Por isso, o desespero de peemedebistas.
Na época de Ulisses Guimarães, conflitos dessa natureza não chegavam a constituir problema tão complexo. O velho timoneiro sempre dava um jeito de corpo para superar obstáculos e permitir que o seu partido continuasse desfrutando de posições de poder, sem sequer ver comprometida sua unidade.
É que Ulisses conhecia o calcanhar-de-aquiles de cada um de seus comandados e tinha a capacidade tecer argumentos que soam falsos na boca de muitos que, hoje, transformaram o partido num balcão de negócios, numa versão macabra do “é dando que se recebe”, ou, então, do “Mateus, primeiros os meus”. E que se danem os interesses da população.
A defesa do apoio ao governo Lula, à semelhança do que aconteceu com outras administrações, tem sido falsamente justificada pela necessidade de garantir a tal da governabilidade, quase sempre ameaçada, com a hipótese de rompimento, quando privilégios politiqueiros são contrariados, como agora, com as demissões de afilhados políticos na Infraero.
Não se diga, porém, que isso ocorre apenas em nível federal. Para contar com o apoio do PMDB municipal, controlado pelo senador Valdir Raupp, o prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho (PT), precisou abrir mão de várias secretárias, além de um punhado de cargos de segundo escalão. Chegou, inclusive, a sacrificar companheiros de partido, como o enfermeiro Sid Orlean, defenestrado da SEMUSA, para dar lugar a Williams Pimentel, pupilo do senador.
Ninguém, em sã consciência, acredita que o PMDB deixará as hostes do governo Lula e adotará posição independente para elogiar e para criticar. No fundo, tudo não passa de um blefe, para intimidar o PT, que sonha repetir a aliança com o partido em 2010, na eleição para a presidência da República. Somente a ingenuidade (ou não seria asneira?) petista para acreditar na lealdade política do PMDB.
Logo, os discursos inflamados em defesa do rompimento, de um lado, cederão lugar às palavras melífluas em favor do alinhamento, de outro. E tudo permanecerá como dantes. Isso, evidentemente, desde que as prerrogativas pessoais de cúpulas continuem sobrepujando os interesses sociais.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!