Fórmulas para ganhar eleição existem desde antes de Cristo. - Por Paulo Queiroz

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Fórmulas para ganhar eleição existem desde antes de Cristo. Confira e, querendo, faça um teste Política em Três Tempos 1 – GANHE A ELEIÇÃO Custa R$ 42,00, vem assinado por certo Wolney Ramos – que se apresenta como advogado eleitoral, consultor de marketing político e professor – e, ao longo das suas 200 páginas, propõe-se a ensinar a quem interessar possa “tudo que é necessário para conduzir uma campanha eleitoral bem sucedida”. Trata-se, leitor, do livro “Manual das Eleições para Vereadores – 2008”, cujo único defeito é circunscrever o mapa da mina aos legislativos municipais, ou seja, ensina apenas como ganhar uma eleição para vereador, deixando a ver navios - por suposto - os candidatos a prefeito. De acordo com o texto de apresentação divulgado pela editora – CMP Editora - o “Manual das Eleições para Vereadores” é um roteiro prático e seguro a disposição dos candidatos que pleiteiam uma cadeira na Câmara Municipal nas próximas eleições. O leitor entenderá como é o processo que leva a alguém a votar em um determinado candidato, quais devem ser as bases eleitorais a serem adotadas, como deve ser a propaganda e a atuação pessoal do candidato. Enfim, tudo o que é necessário para uma campanha bem sucedida. Embora ainda seja impossível conferir a eficácia do produto, quer dizer, não se conhece nenhum vereador que tenha sido eleito seguindo o receituário da publicação – calma, leitor, isso quer dizer apenas que não houve nenhuma eleição para o cargo desde o lançamento da obra, em 2007 -, pois bem, mesmo sem um teste comprobatório ou uma estatística favorável, está difícil encontrar um volume no mercado. Na Internet, quando a informação não é simplesmente “produto não disponível”, as livrarias condicionam a venda à disponibilidade do fornecedor. Quer dizer, o que tem de nego interessado em trilhar um atalho para o pódio não está no gibi. Como esta coluna não é de deixar o leitor na mão, caso o considerado esteja pensando em encarar uma eleição, segue aí uma fórmula que, não bastasse ser geral – ou seja, serve para qualquer candidatura – ainda tem a vantagem de ter sido testada e aprovada. 2 – RECEITA INFALÍVEL Trate de se apresentar muito bem preparado para os discursos. Numa campanha eleitoral, você deve se dedicar a obter o apoio dos amigos e o apreço do povo. Deve constituir amizades de todos os tipos. Para ter uma boa imagem, procure pessoas com carreira e nomes ilustres (as quais, mesmo não declarando voto, ainda assim conferem prestígio ao candidato). E para garantir a proteção da lei, aproxime-se de magistrados. Três coisas levam os homens a se sentirem cativados e dispostos a dar o apoio eleitoral - um favor, uma esperança ou uma simpatia espontânea. Graças aos mais insignificantes favores, as pessoas são levadas a julgar que há motivo suficiente para declarar seu apoio. Quanto aos que são atraídos pela esperança, aja de modo a parecer pronto e disposto a prestar ajuda, e também de forma a perceberem que você é um observador cuidadoso das tarefas executadas por eles. No desenrolar da campanha eleitoral, inúmeras e utilíssimas amizades são adquiridas, porque, apesar de seus muitos inconvenientes, ser candidato tem isso de bom: você pode, de maneira honesta - o que é impossível no resto da vida - atrair à amizade todos que quiser. Volte sua atenção para a cidade inteira, todas as associações, todos os distritos e bairros. Se você atrair à amizade seus líderes, facilmente terá nas mãos, graças a eles, a multidão restante. Rastreie, vá ao encalço de homens de toda e qualquer região, passe a conhecê-los, cultive e fortaleça a amizade, cuide para que, em suas respectivas localidades, cabalem votos para você e defendam sua causa como se fossem eles os candidatos. É fundamental saber que intenção cada pessoa tem em mente, para poder decidir até que ponto confiar em cada uma. Convença-se de que você deve ensaiar, até que pareça agir naturalmente. Com efeito, não lhe falta a cortesia apropriada a um homem bom e gentil. Porém, é preciso mais que isso, uma certa bajulação, a qual mesmo sendo viciosa e torpe no restante da vida, é imprescindível numa campanha eleitoral. 3 – COISA ANTIGA De fato, quando a bajulação é usada para corromper, é vil; quando é para aproximar pessoas amistosamente, não é tão execrável, é necessária, na verdade, para um candidato cujo humor, semblante e discurso devem mudar e se acomodar às convicções e desejos de cada pessoa que encontra. Outro conselho diz respeito a um pedido ao qual não seja capaz de atender. Nesse caso, negue de modo simpático ou, então, não negue de jeito nenhum. A primeira atitude é de um bom homem; a segunda, de um bom candidato. Todas as pessoas, no íntimo, preferem uma mentira a uma recusa. Cuide para que sua campanha inteira seja repleta de pompa, que seja brilhante, esplêndida e popular, que tenha uma imagem e um prestígio insuperáveis. E também, nesta eleição, deve-se acima de tudo ficar atento e gerar uma esperança otimista na política, bem como uma opinião honorável a seu respeito. Como o maior de todos os vícios da sociedade reside no fato de que, quando entram em campo a corrupção e o suborno, ela costuma esquecer-se da moral e da dignidade, trate de se conhecer bem, isto é, perceba que você é quem pode provocar em seus concorrentes o mais intenso pavor de um processo e uma condenação. Faça com que eles saibam que os vigia e os observa. Ponto final. No entanto, não é coisa de hoje o que foi ensinado aí. Longe, mas muito longe disso. Trata-se, leitor, de um trecho do “Manual do Candidato às Eleições”, escrito há 2072 anos - quer dizer, em 64 a.C. em Roma - por Quinto Túlio Cícero. O destinatário era seu irmão, Marco Túlio Cícero, filósofo, excelente orador e político - que naquele ano se candidatava ao posto máximo da República romana: o de cônsul. O que está aí é são passagens adaptadas, mas quem se interessar pela íntegra pode encontrá-la na edição bilíngüe do livro "Cícero", de Ricardo da Cunha Lima, que reúne o "Manual do Candidato às Eleições", a "Carta do Bom Administrador Público" e "Pensamentos Políticos Selecionados". Talvez valha a pena. Contra todas as expectativas, Cícero ganhou aquela eleição.
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