ARTIGO - Só a boa vontade não basta – Por Valdemir Caldas

Da Redação

19 de Fevereiro de 2008 às 08:11

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ARTIGO - Só a boa vontade não basta – Por Valdemir Caldas

Foto: Divulgação

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O Secretário de Saúde do Município de Porto Velho, enfermeiro Sid Orleans, compareceu ontem ao plenário da Câmara, convidado que foi, por meio de requerimento, pelo presidente da Casa, vereador José Hermínio, seu companheiro de partido, para tentar esclarecer o estado de penúria em que se encontra o setor. Por mais que se tenha esforçado, no entanto, Orleans não conseguiu esconder o nervosismo que o dominou do começo ao final da sessão. Nem mesmo a claque de diretores de departamentos da secretaria e de unidades de saúde, estrategicamente convidados (ou não seria melhor dizer intimados?), serviu para tranqüilizá-lo. Apareceu até uma faixa, elogiando o trabalho de Orleanz (com z, mesmo!). Pobre bajulador, ainda não aprendeu a escrever, corretamente, o nome de seu chefe. Paulo da Condor deixou o plenário dizendo-se decepcionado, com a exposição de Sid. Trôpego e cambiante, em vez de responder a perguntas do vereador Mário Jorge, como, por exemplo, o que a Semusa vem fazendo com os cerca de cento e cinqüenta mil reais que recebe, mensalmente, da Funasa para comprar combustível para abastecer parte da frota responsável pelo serviço de borrifação (fumacê), Orleans limitou-se a repisar velhos e surrados chavões administrativos, sem efeitos práticos. Sobre o escândalo envolvendo o desvio de recursos do SUS, para pagamento de polpudas diárias, Orleans surpreendeu muita gente ao revelar desconhecer minúcias do assunto. Orleans chegou ao ápice do constrangimento, porém, quando, instado pela vereadora Sandra Moraes, Mário Jorge mostrou um vídeo em que carros da Semusa, comprados com dinheiro de impostos, arrecadados dos contribuintes, aparecem completamente abandonados em pátios de unidades de saúde, sendo engolidos pelo matagal. E repare que ele nem apresentou o resto do arsenal de grosso calibre que estaria em suas mãos, capaz de fazer estremecer as combalidas estruturas do palácio Tancredo Neves. De parte da Câmara, não restará outra opção senão a criação de uma comissão de investigação, como propôs Mário Jorge, diante da dubiedade do secretário, sobretudo porque a ela cabe, dentre outras atribuições, a missão constitucional de fiscalizar o Poder Executivo. Alguns vereadores já deram a entender que há grande possibilidade de a comissão vir a constituir-se, até para que se não parem dúvidas sobre as ações daquela pasta. Ponto para o líder de Sobrinho na Casa, vereador José Wildes, que pontilhou os avanços conquistados pela atual administração e, de quebra, ainda mandou um duro recado àquele tipo de político que ele chamou de “lambe e morde”, ou seja, quando se está servido do poder, elogia; mas, quando contrariado em suas pretensões, dana-se a criticar o dirigente de plantão. Nem tudo está perdido. Ainda é tempo de Sobrinho reorientar a atuação da Semusa, a começar pela exoneração do atual secretário. Caso contrário, a população continuará sendo prejudicada e os reflexos disso se farão sentir no próximo pleito eleitoral. Orleans pode até ter as melhores das intenções, mas, comprovadamente, não tem know-how para comandar um setor tão complexo quanto o da saúde.

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