Momento que o “rabecão” do IML saía da PA com os corpos de Rivaldo Louro (detalhe) e João Rodrigues
Dois presos foram encontrados mortos supostamente por enforcamento, ontem pela manhã, no horário do banho de sol na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo. Rivaldo Lopes Machado, 30, o Louro, e João Rodrigues dos Santos Damasceno, 20, estavam recolhidos na ala 03 e foram encontrados pendurados por cordas amarradas ao comungol nos banheiros das celas 09 e 24.
O caso será investigado pela Delegacia-Geral de Homicídio. Ontem o secretário de Justiça e Cidadania, coronel Uzi Brisola, mais o diretor do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário), Sidney Santos, estiveram na PA. Em conversa com a imprensa, o secretário informou que estavam sendo adotadas as medidas cabíveis e a Corregedoria ia abrir inquérito para investigar as circunstâncias em que ocorreram as mortes.
Por volta das 15h30 os corpos de Louro e João foram retirados de dentro da ala em um carrinho de mão e depois colocados nas cubas de remoção no “rabecão” do Instituto Médico Legal na entrada do presídio, de onde seguiram para realização do exame cadavérico.
A princípio, a polícia investiga o caso como suposto duplo suicídio. Nenhum dos presos falou sobre o caso. No presídio existe um pacto de silêncio entre os presos quando ocorrem casos dessa natureza. As suspeitas são de que eles possam ter sido assassinados e depois feita a simulação de suicídio.
Existe informação extra-oficial de que os presos que costumam fugir e ainda aqueles que estão encarcerados pelo crime de estupro acabam virando alvos para morrer, o que é determinado internamente pela maioria. Também extra-oficialmente sabe-se que, ao ocorrer fuga, há cortes de benefícios e isso deixa os presos revoltados com aquele que fugiu.
HISTÓRICO – Rivaldo Louro já havia fugido duas vezes do presídio. A última ocorreu no dia 5 de abril e, após quatro meses, foi recapturado em agosto. Ele cumpria condenação pelo crime de tráfico internacional de entorpecente.
O outro presidiário morto, João Rodrigues, foi preso no dia 23 do mês passado, em cumprimento a mandado de prisão expedido pela Justiça do Município de Mucajaí, onde foi indiciado pelo crime de estupro de uma criança de 06 anos. A criança era sobrinha dele. Ele não só confessou o crime como também revelou ao delegado Jorge Everton que estava com uma doença sexualmente transmissível (gonorréia) quando abusou sexualmente da sobrinha. No exame foi constatado que a menina tinha contraído a doença venérea.
SEGUNDO CASO – Em março deste ano, também foram encontrados mortos por enforcamento nas mesmas circunstâncias, dentro do banheiro da ala 10 da PA, os presos Wilkson Ney Barbosa da Silva, o “Pica-pau”, e Valdeiglan Alves do Nascimento, o “Deglan”.
Assim como Rivaldo Louro, eles também haviam fugido algumas vezes do presídio e estariam marcados para morrer. De forma ainda indeterminada foram encontrados pendurados por cordas amarradas no pescoço.