Uma camionete Pajero SP 4x4 SE, cor preta, placa LNZ 4847 de Niterói – RJ, ano 2002, chassis JMYORK9702JA763 de propriedade de Alexandre Brito, deputado estadual e médico, cruza a fronteira Brasil-Bolívia, através da Epitaciolândia/Rio Branco no dia 19 de novembro de 2005, às 12h25. Um equipamento da Polícia Federal registra a entrada do veículo em Cobija (BO). Segundo a DPF, de lá, o veículo nunca mais saiu.
Seis dias depois da entrada da camionete na Bolívia, o médico Alexandre registra um Boletim de Ocorrência, de nº 1359/2005, por “roubo de veículo”, citando na ocorrência policial que o fato aconteceu na avenida Calama, em frente a Rede TV, ou seja, estacionado em frente ao prédio da sede da Ameron, do qual é um dos proprietários.
No suposto assalto, não houve testemunhas. Brito, mesmo sob ameaça de armas, conseguiu descrever os marginais para o registro do Boletim. Na versão do deputado, os dois assaltantes teriam cerca de 20 anos, sendo o primeiro de cor morena e 1,70 de altura. Mesmo sendo de noite, Alexandre também conseguiu gravar a fisionomia do segundo marginal, o qual ele descreve no B.O. como sendo branco e de cabelos pretos.
No B.O. registrado na Delegacia de Repressão ao Furto e Roubo de Veículos, o médico relatou que além do veículo foram furtados documentos referentes (
C.L.R.V.). Porém, no dia 13 de dezembro do mesmo ano, Alexandre Brito fez um aditamento da ocorrência 1359, agora sob o número 1422/2005, para relatar que foram roubados também “porte obrigatório” dos anos de 2004 e 2005, comprovantes de pagamento do IPVA e Seguro Obrigatório dos referidos anos.
Existe uma suspeita de que todos esses fatos em torno do veículo de Alexandre Brito, supostamente roubado, sejam para a aplicação do “golpe do seguro”. É o que acredita o Bradesco Seguros e Previdência, que mandou investigar o roubo.
Um laudo preparado pela Alternativa Seguros e enviado para a Clemar Reguladora no dia 27 de dezembro de 2005 abre desconfiança que tenha havido realmente um roubo a mão armada no sinistro da Pajero de luxo.
O que fica mais característico a partir da posição da seguradora, que emitiu um relatório onde especifica que a placa estava com a numeração
VISIVELMENTE RASPADA com primeiro e último dígito numerário (
4 e 7) visíveis.
O relatório aponta ainda que, consta no registro do Siniven - sistema informatizado do Ministério da Justiça que monitora e registra em fotografia a passagens de veículos pela fronteira do Brasil - como a última passagem do carro de Alexandre no dia 19/11/2005, em Epitaciolândia (
AC), com um dado curioso, na parte traseira do veículo constava uma placa “Vende-se ou troca”.
Informações da investigação dão conta que o médico e atual deputado tentou vender sua Pajero em diversas garagens de Porto Velho dias antes do suposto roubo. Nenhum “garageiro” da cidade se interessou pelo veiculo.
Estranhamente a ocorrência só foi registrada no dia 25 de novembro, dias após o equipamento de a Polícia Federal ter detectado sua passagem para solo boliviano. Por coincidência, a renovação da apólice de seguro do Pajero, teve vigência no dia 27 de outubro de 2005 e foi renovada com bônus de 30%.
Diante desses fatos, a Delegacia Especializada de Trânsito oficializou autuação para prestação de esclarecimento por parte de Alexandre Brito no inquérito policial n° 024/07, através do ofício 347/07 no último dia 02 de maio.
Só que, como parlamentar, Brito se vale de foro privilegiado, em que estipula onde e quando o mesmo pode prestar depoimento.
Até o momento, passados mais de cinco meses da notificação policial, o deputado e médico Alexandre Brito não prestou nenhum tipo de esclarecimento à polícia sobre as suspeitas que cercam o estranho roubo de seu veículo.
*
VEJA TAMBÉM:
*
Ladrões tomam carro de médico do Grupo Ameron
*
Força Sindical vê achaque nos atos do deputado Alexandre Brito
*
Médico e Ameron impedidos de realizarem cirurgia de redução de estômago