Com uma só canetada, o juiz de Direito da 2ª Vara Criminal, Jarbas Lacerda de Miranda, condenou cinco pessoas a um total de 124 anos e dois meses de prisão. Os condenados foram: o ex-vereador por Boa Vista, Walteir Alves Pinto, a esposa dele, Evaneide Rodrigues Rosa, o cunhado Cláudio Rodrigues Rosa, o funcionário Jean Alves de Oliveira e a esposa deste, Flávia de Souza Marcos.
Os cinco foram presos há pelo menos cinco meses e enquadrados nos crimes de tráfico interestadual de entorpecente e associação para o mesmo fim. Dos presos, apenas a esposa do ex-vereador acabou ganhando liberdade dias depois da prisão por determinação da Justiça, mas após o trânsito em julgado da sentença de condenação ela poderá ser presa novamente.
De acordo com a sentença, que foi feita em mais de 60 páginas de papel ofício no último dia 10, as provas apresentadas no processo não deixaram dúvidas quanto à participação de cada um dos condenados. Ao final da sentença, o magistrado passou a definir a pena para cada um deles.
A primeira foi do ex-vereador, que é apontado como o cabeça da associação criminosa, que pegou a maior pena: 30 anos e dois meses de prisão, mais 2.900 dias de multa, no valor de 10/30 (dez trinta avos) do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato. Além dos crimes por tráfico e associação para o tráfico de entorpecente, Walteir ainda foi condenado por posse ilegal de arma, por ter sido encontrado um revólver calibre 38, mais munição, durante a investigação policial.
A esposa dele, Evaneide Rodrigues Rosa, teve a pena definitiva em 28 anos de prisão e 2.800 dias de multa, no valor de 10/30 (dez trinta avos) do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo dos crimes. O irmão dela, Cláudio Rodrigues Rosa, foi condenado a 24 anos de prisão, mais 2,366 dias de multa de 03/30 (três trinta avos) do salário mínimo.
Outro condenado, o funcionário Jean Alves de Oliveira, teve a pena fixada em 28 anos de prisão, mais 2.800 dias de multa, no valor de 03/30 (três trinta avos) do salário mínimo. Por fim, a mulher dele, Flávia de Souza Marcos, foi condenada a 22 anos de prisão e mais 2.200 dias de multa, de 02/30 (dois trinta avos) do salário mínimo.
CASO – Conforme o inquérito policial, a droga saía de Boa Vista, passava por Manaus (AM) e seguia para Goiás em um caminhão que seria de Walteir, porém o caminhão Wolkswagem modelo 24.250 branco de placas NGK 2434 da cidade de Formosa (GO) estava no nome de uma irmã do ex-vereador que mora em Goiás, comprado por R$ 173 mil à vista.
Walteir usava a própria residência e uma associação criada por ele, no bairro Jardim Equatorial, para praticar os crimes. Foram feitos pedidos de busca e apreensão na residência e na associação no mês de abril e, em maio, policiais civis e militares “estouraram” o negócio lucrativo e criminoso do ex-vereador e apreenderam o caminhão carregado com 169,280 quilos de cocaína escondidos em um fundo falso soldado do veículo.
O caminhão estava escondido na casa do casal Jean e Flávia, no bairro Pintolândia, e estava prestes a sair do Estado a qualquer momento. De acordo com declaração da mulher de Jean, o caminhão foi deixado na casa deles porque o ex-vereador estaria sendo perseguido.
O veículo era usado de fachada para transportar peixes de Manaus para Boa Vista. A polícia ainda identificou uma caçamba do ex-vereador que, segundo declarações de envolvidos e testemunhas, era usada para “puxar” a droga da Venezuela para Boa Vista, onde depois de descarregada era armazenada no fundo falso do caminhão para seguir para Manaus e Goiás.
Durante a investigação surgiu a suspeita de que Walteir teria envolvimento com o traficante Fernandinho Beira-Mar, mas essa suspeita não se confirmou. No entanto, foi descoberto que o ex-vereador tinha ligação com traficantes colombianos, inclusive em 2005 chegou a contratar serviços advocatícios por R$ 50 mil para soltar o casal de colombianos Leonel Guarin Salazar e Tereza Ortiz Delgado, mais o brasileiro Raimundo Gomes do Nascimento, presos em São Paulo pela Polícia Federal por crime de tráfico internacional de entorpecente.