Roberto Jotão Geraldo acordou às 4 horas da madrugada desta sexta-feira (24). Era uma prática normal que fazia três vezes por semana. Por conta da falência dos rins há oito anos, ele tinha que filtrar o sangue em sessões de hemodiálise. Um pouco depois ele sentiu fraqueza nas pernas e foi socorrido pela esposa, Maria Ivanilde Geraldo, a Roxa. A fraqueza nas perna foi seguida pela falta de ar. O corpo de bombeiros foi acionado que tentou reanimá-lo. Jotão morreu de insuficiência respiratória em casa, como era do desejo dele.
O velório do pioneiro prefeito eleito de Ji-Paraná está acontecendo na Câmara dos Vereadores de Ji-Paraná, Palácio Abel Neves, cujo nome é do primeiro administrador distrital da Vila de Rondônia em 1971. O enterro está programado para acontecer neste sábado (25), às 14 horas. Jotão deixa a mulher e os filhos Roberto, Vera Lúcia, Jussara, Márcia, Júlio Cesar e Wuangles, além de oito netos, seis bisnetos e três tataranetos.
Em fevereiro de 2017, uma trombose nas duas pernas levou Jotão a ser internado em uma UTI do Hospital Nove de Julho, em Porto Velho.
Pioneiro
O ano era 1963 quando o jovem Roberto Jotão Geraldo resolveu encarar de caminhão a BR-29 rumo a Porto Velho e Rio Branco. Ele estava carregado com mercadorias e as vendia diretamente ao incipiente comércio em localidades como Vilhena, Pimenta Bueno, Vila de Rondônia, Seringal 70 (Jaru), Ariquemes e Porto Velho. Na época todos os rios largos não tinham pontes – era balsa, e a estrada era de terra desde de Campo Grande.
Em 1966 Roberto Jotão resolveu trazer a família para morar na Vila de Rondônia. Ele passou a morar onde hoje está situado o Corpo de Bombeiros de Ji-Paraná, às margens do rio Machado. De um eito improvisado, ele vendia óleo diesel e gasolina estocada em tambores de 200 litros. Esse lugar ficava onde passava a estrada velha (BR-29). quando da construção da ponte inaugurada em novembro de 1971, aí teve início também a avenida que mais tarde se passou a chamar Transcontinental.
Um ano antes anos de a BR-29 passar a se chamar BR-364, ele montou um posto de combustíveis onde hoje é a Vila Jotão. Instalou também o primeiro motor de energia elétrica na localidade e fornecia energia para algumas pessoas.
Onde hoje é o Ceeja, Jotão construiu, por conta própria, a primeira escola onde mais tarde se passou a chamar segundo distrito de Ji-Paraná. Essa escola acabou sendo transferida para a rua T01 e por muitos anos se chamou Júlio Guerra até virar escola militarizada.
Jotão se tornou uma das pessoas mais conhecidas e populares da época. Tanto, que em 1982, já filiado ao PDS, extinta ARENA – partido de Direita, saiu candidato a prefeito num processo eleitoral em que um mesmo partido podia lançar três candidatos. Assim foram candidatos pelo PDS Roberto, Demétrio Bidá e Flávio do Incra. Jotão foi o mais votado dos três.
Ele construiu mais de mil quilômetros de estradas, construiu 74 escolas, abriu dezenas de ruas e bairros. Era Ji-Paraná. Antes dessas eleições, Jotão, ao lado de Luiz Bernardi e Alcides Paio fundaram a Rádio Alvorada de Rondônia.
Anos mais tarde, Jotão voltou à Política na condição de vice-prefeito elegendo-se ao lado do promotor de Justiça Ildemal Kussler.

Jotão tinha uma empresa de transporte fluvial de combustível que atendia no Rio Guaporé de Porto Rolim a Costa Marques. No ano passado ele construiu um barco e comemorava esse feito aos 83 anos de idade.
A Folha de Rondônia News une-se aos milhares de votos de solidariedade cristã no último adeus a esse cidadão de Rondônia com uma história de vida que se mistura com os grandes acontecimento da história de nosso Estado, na era da colonização, enviando à família nossos votos de pesar por tão significante perda.
Curiosidade
O falecido jornalista (jornal Alto Madeira), Vinícius Danin contava: “Eu não o conhecia e muita gente só falava mal, que ele era grandão e desordeiro” (na época não havia telefone na Vila, e um carro levava até uma semana até Porto Velho). “Eu batia forte – dizia Danin – e uma tarde estava sozinho na redação, quando apareceu um cara muito forte e alto, dizendo: “Boa tarde, eu sou o Jotão. O que o senhor tem contra mim?”. Danin: “Tremi nas bases, mas ao fim ficamos amigos” (o jornalista João Tavares, já falecido, contava: “O Danin tremeu quase uma semana”). A narrativa desse acontecimento é do Jornalista Lúcio Albuquerque.
Confúcio
O senador Confúcio Moura, que esteve no velório de Jotão, disse que Rondônia perde um grande homem que deu uma contribuição importante para que nossa Ji-Paraná seja o que é hoje.
Acir Gurgacz
O ex-senador Acir Gurgacz manifestou o sentimento, de tristeza em nome de sua família com a perda do amigo. Disse que todos nós perdemos um pouco com a partida de Jotão que, soube como poucos servir ao próximo.
Cláudia de Jesus
A deputada Estadual Cláudia de Jesus disse que se sente honrada em viver num tempo que pode acompanhar, desde criança, a dedicação de homens como Roberto Jotão Geraldo, que marcam a história e fazem a diferença em sua passagem por esta vida. Meus sentimentos e minha solidariedade à família por esse momento de dor.
Ildemar Kusller
Manifesto meu sentimento de pesar pelo falecimento de Roberto Jotão Geraldo, ex-prefeito de Ji-Paraná. Pioneiro de Vila de Rondônia, Jotão construiu uma história de muito trabalho nas áreas pública e privada, digna de todo nosso reconhecimento. Minhas condolências aos amigos e família.