No momento da coação havia 35 passageiros, alguns adultos, crianças e idosos. Na sequência, perguntaram o nome de uma mulher, também não identificada, que ajudou a coagir os passageiros dizendo que o que ela estava fazendo era um crime. Ela respondeu: “Meu nome é povo”. O enfermeiro ainda questiona a mulher: “Ridículo isso que você está fazendo”. Ela responde: “Ridículo o que você está fazendo”. Ele retruca: “O que eu estou fazendo? Eu não tô fechando BR, impedindo as pessoas de passarem, tô querendo ir trabalhar, minha querida”.
“Eles diziam como argumento sobre a intervenção federal que eles já tinham provas de que houve fraude no primeiro turno”, conta Luiz. Outro rapaz, também não identificado, fala no vídeo: “era pro Bolsonaro ter ganhado já no primeiro turno, aquilo foi fraude. No segundo turno agora o exército não teve acesso as urnas”.
Luiz conta ainda que pediram CPF, RG, e nome completo de todos. Eram três homens e uma mulher no comando, ele diz. Ainda segundo Luiz, a Polícia Rodoviária Federal, que apareceu durante a paralisação do ônibus, nada fez para ajudá-los.
Segundo o enfermeiro, só depois de obrigarem todos os passageiros a assinar a “petição” é que liberaram o ônibus. “Alguns chegaram a mostrar armas que estavam na cintura, insinuando uma ameaça”, diz Luiz, que assinou o documento com nome, CPF e RG errados. “Muitos fizeram isso”. Mas para alguns, no entanto, “eles estavam pedindo o próprio documento para confirmar a informação da “petição” que não tem nenhum valor legal.
“Quando o ônibus foi liberado fomos vaiados e chutaram o ônibus, deram soco também”, relata. O ônibus da companhia Eucatur tem como destino Cuiabá. Segundo Luiz, a companhia seria a única da região a vender passagens mesmo correndo o risco da viagem não ser concluída por conta dos bloqueios.
Até o fechamento deste texto os bloqueios pelo país não haviam sido totalmente debelados pelas autoridades. Havia 126 pontos pelo país, segundo a Polícia Rodoviária Federal. Em Rondônia, são 11 bloqueios.
Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro já havia pedido aos manifestantes a liberação das rodovias.